Política
O golpe de Estado na Guiné-Bissau
"
Cinco dos candidatos às eleições presidenciais não aceitaram os resultados da 1ª volta como limpos"
(do blogue "Ditadura do Consenso)Em Lisboa a diáspora guineense manifestou-se ontem no Rossio. Lá a confusão impera, cá a desorientação, até na ordem de inicio do desfile é total. Mas de um modo geral a pequena-burguesia
concorda que a situação anterior, dita democrática, deve ser reposta.o Coronel
Daba Na Walna (do Comando Militar golpista diz que “
não há uma situação de guerra e, se forem enviadas tropas estrangeiras a Guiné Bissau defenderá a sua integridade territorial (…)
Custa-me a acreditar que o governo português vá a reboque de Angola por causa dos petrodólares (…)
Portugal tem intenções neocoloniais”
Kumba Yalá: “ninguém vai aceitar a imposição de uma força externa, até porque
o golpe teve na sua origem o contingente angolano para aqui destacado que estava a transformar-se numa força de ocupação: “nestas circunstâncias
a participação do ex-presidente que chamou os angolanos na 2ª volta das eleições não é possível” afirmam os sectores politicos lesados que defendem a soberania guineense. A Guiné-Bissau está isolada e
falta combustível para que a economia possa funcionar, porque a empresa distribuidora pertence ao 1º ministro deposto, cujo partido, o PAIGC, se auto-excluiu do acordo com os militares revoltosos. O Governo deposto, liderado por Carlos Gomes Jr., embora dividido em facções internas, entrou em rota de colisão com os militares por
nos discursos eleitorais afirmar que ia “tentar limitar os negócios de tráfico de droga” (1). Pergunta: se os traficantes de droga proveniente da América Latina e em trânsito para a Europa já floresce há uma década, e nesse período o negócio triplicou (2)
porquê só agora o governo se afirmou disposto a tomar medidas? Desde então o governo dos Estados Unidos e os seus aliados já declararam (3) alguns chefes militares da Guiné-Bissau como verdadeiros barões internacionais da droga, concretamente o General chefe do Estado-maior da Força Aérea
Ibraima Papa Camará e o contra-Almirante
Bubo Na Tchuto, ex-chefe da Armada. Chamados a depor os acusados disponibilizaram-se a colaborar, porém os acusadores não apresentaram provas e o processo foi arquivado (4).
Portugal exige “democracia e a libertação dos responsáveis ilegalmente detidos” (
para que continuem a fazer aquilo que antes estava a ser feito (5). Bastou ouvir o ministro dos negócios estrangeiros Paulo Portas a defender esta posição para se perceber
por que bico corre a água: “ou a Guiné-Bissau se transforma num Estado-falhado baseado no poder do tráfico de drogas ou… num Estado institucional assente na legitimidade obtida nas urnas” - “a posição de Angola (dentro da CPLP) expressa pelo ministro Georges Chicoti vai no mesmo sentido” –
uma democracia onde o tráfico continue na obscuridade. Quanto a conclusões o Washington Post não tem dúvidas: “
o 1º ministro Carlos Gomes foi preso por ajudar os comerciantes de droga”
(Guinea-Bissau coup: Prime minister arrested for helping drug trade)notas:
(1) Carlos Gomes Jr. run afoul by promising to end a lucrative arrangement between the military and drug traffickers
(fonte)(2) Guinea-Bissau over the last decade European consumption of cocaine to have tripled
(wikipedia)(3) United Nations Report
(2008) (4) Nunca julgues uma pessoa injustamente
(fonte)(5) Coup in Guinea-Bissau shines a light on powerful West African drug trade
(fonte)(6) Time Magazine: Guinea-Bissau 1º Narco-Estado mundial no negócio da Cocaina
(fonte).
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