O novo e o velho - EDITORIAL FOLHA DE SP
Política

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FOLHA DE S. PAULO - 29/09


Russomanno cai cinco pontos na pesquisa Datafolha, fora da margem de erro, o que reabre possibilidade de um primeiro turno embolado



Pela primeira vez na campanha eleitoral paulistana, registra-se uma queda significativa (fora da margem de erro de dois pontos percentuais) na preferência pelo candidato Celso Russomanno (PRB).

Caindo de 35% para 30% nas intenções de voto apuradas pelo Datafolha, Russomanno mantém sua vantagem sobre José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT), respectivamente com 22% e 18%, em empate técnico no segundo lugar.

A despeito da distância que ainda se assinala, o favoritismo do candidato do PRB se vê ameaçado por um quadro de empate triplo até as eleições. Com efeito, Haddad veio recuperando votos em áreas tradicionalmente petistas, que até há pouco se inclinavam por Russomanno, enquanto Serra readquire as preferências de regiões e segmentos identificados com o PSDB.

Por razões que só os marqueteiros conhecem, o candidato do PRB vinha sendo poupado de ataques diretos nos debates de que participou, e é recente a investida petista, no horário eleitoral, no sentido de direcionar a propaganda de Haddad para os setores de renda mais baixa, sensíveis à postulação de Russomanno.

Prevalece, como é natural em toda prospecção de voto, a dúvida sobre se virá a ser questionada, nas urnas do primeiro turno, a tradicional rivalidade entre PSDB e PT em São Paulo.

O surgimento de um "outsider" na atual disputa convidou, sem dúvida, a considerações nesse sentido. Russomanno significaria a emergência de um cidadão-consumidor, dentro de um quadro de despolitização associado ao pós-lulismo. Representaria, ademais, o poder de setores religiosos e midiáticos em grande parte externos ao establishment paulistano.

Tais hipóteses não se desintegrariam completamente, por certo, caso venha a reproduzir-se no segundo turno a polarização entre tucanos e petistas, eventualidade por enquanto remota, mas que não se deve descartar.

Cabe notar, a propósito, a emergência de forças partidárias alternativas a essa dualidade em outras capitais. O PSB cresce em cidades do Nordeste e é favorito em Belo Horizonte; em Curitiba, é o candidato do PSC, também associado à popularidade televisiva, quem lidera; em Porto Alegre, o eleitorado petista definha.

Seria pouco apropriado dar a esses resultados uma conotação aplicável ao quadro federal, já que vários candidatos, sem serem petistas, se alistam no campo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da sucessora Dilma Rousseff.

Outra vez a procura do "novo", mesmo que por trás das aparências se preservem composições tradicionais, parece ser um dos vetores nessas eleições municipais.

O principal problema, sem dúvida, é que não depende da figura pessoal dos candidatos a modificação dos procedimentos políticos e administrativos brasileiros -ela requer, como premissa, uma reforma no sistema eleitoral, que nenhuma das forças partidárias está interessada em patrocinar.



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