Política
O Pão Nosso de Cada Dia
“
Our Daily Bread” é a única longa metragem apresentada no DOC Lisboa, e uma fortissima candidata ao titulo de melhor filme a concurso nesta edição de 2006.
adaptado do texto de Jorge Mourinha, no Público
“O título é para ser levado à letra. O austriaco Nikolaus Geyrhalter andou durante dois anos a recolher imagens em explorações alimentares industriais para dar a ver como é recolhida e processada a comida que consumimos diáriamente. Sem voz off nem diálogos, o filme deixa as imagens falarem por si e é capaz de fazer os espectadores sairem perturbados da sala ou jurarem que a partir de agora se tornam vegetarianos. Legumes, carne, peixe, fruta: pouco interesam as diferenças, tudo está automatizado de modo a poupar o esforço humano e a maximizar a rendibilidade de cada alimento, mas com o efeito irónico de desumanizar a mão-de-obra, reduzida ao mero estatuto de “máquina” que repete incessantemente os mesmos gestos para manter a linha de montagem a funcionar”
Portanto já sabe, a partir daqui não tem desculpa, de cada vez que entrar nas grandes superficies dos Hipermercados já sabe do que é que a casa gasta.
“Nikolaus Geyrhalter propõe ver-nos a nós, os humanos que inventámos a linha de montagem, como mais uma rodinha na engrenagem do “pão nosso de cada dia” – mas, entrando numa perturbante dimensão (quase paredes meias com o voyeurismo) fá-lo com um distanciamento glacial, ele próprio “quase desumano”, sem julgar nem tomar partido, mostrando-nos o que já sabemos mas preferimos ignorar, à laia de segredo de polichinelo. Our Daily Bread é uma espécie de apocalipse da natureza domesticada filmado em câmara lenta, enquanto os homens vão mastigando a sua sanduiche e bebendo o café na pausa para o almoço, como se não fosse nada com eles”. Ainda por cima, sempre de olho na omnipresente TV.
Nos "paises fast food" alimentam-se
"consumidores" como quem cria carneiros.
Nós somos aquilo que comemos? – então, nos "
Países Fast-Food" as nossas sociedades precisam de
novas ideias.
À atenção daqueles que pululam pelos centros comerciais e se deixaram alienar como “consumidores” pelas luzes do grande consumo de massas, habilmente manipuladas pelo marketing das empresas: Existem alternativas para quase tudo - consumir de preferência
produtos tradicionais produzidos localmente, onde as condições são mais facilmente verificáveis e de mais fácil controlo de origem e onde, além do mais, contribuem para o fortalecimento das comunidades locais.
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