Política
O PT é mais do que Lula porque a luta de sua militância é histórica.
O lulismo não existe
BENEDITA DA SILVA – O GLOBO
Toda vez que alguém se dispõe a analisar as relações entre o Partido dos Trabalhadores e o presidente Lula, o máximo que se consegue é arranhar o verniz que protege a relação sólida e indissolúvel que existe entre a legenda e o homem que melhor expressa os pilares do pensamento petista. A análise do sociólogo Demétrio Magnoli (“O Bonaparte ausente”), em que pese a força dos seus argumentos, está anos-luz da realidade conjuntural e orgânica que rege o PT desde a sua fundação.
Embora tenha origem no sindicalismo, ampliando rapidamente seu espectro para os mais diversos segmentos sociais, o PT já nasceu com o compromisso da luta pela redução das desigualdades.
Se hoje os pobres enxergam no presidente sua imagem e semelhança, o mérito não se deve a um certo lulismo, mas ao esforço de milhares de militantes petistas que lutam o bom combate contra as oligarquias e o conservadorismo há décadas.
Ninguém nega a importância da figura carismática do presidente Lula. Nem tampouco sobrevaloriza a participação do PT no processo histórico de construção do país. Ambas são forças complementares, motivo pelo qual o governo chega ao seu último ano com elevados índices de aprovação. Lula não ignora o PT, como afirma Magnoli. Existe, sim, uma relação de independência necessária e vital, fundamental para manter o governo focado na gestão pública.
Quando o presidente deixar o Planalto, será no PT que ele continuará a trabalhar pelo país. O PT jamais deixará de ser plural e participativo. É o fórum adequado para o debate e apresentação de políticas públicas, que poderão ser adotadas ou não pelo governo. Lula não compensa o PT patrocinando conferências de movimentos para, supostamente, dar prestígio ao partido, como diz Magnoli. Mas para compreender isso é preciso ir além do pragmatismo imediato do usufruto do poder, o que é comum em outras legendas.
Não existe lulismo. E isso ficará demonstrado se a ministra Dilma Rousseff assumir a presidência em 2011. As atuais diretrizes serão mantidas, as relações de força entre os partidos da base aliada serão respeitadas, e Dilma terá autonomia para tocar o projeto de nação iniciado em 2002. Caberá ao PT, com independência e autonomia para propor políticas públicas à sucessora do presidente Lula, o mesmo papel que consagrou a legenda já na sua origem, ou seja, a luta contra a miséria e a pobreza.
Um partido com este compromisso só entrará em declínio quando não houver mais fome no país.
Dilma Rousseff não será refém do PT nem de ninguém. Dos postulantes à sucessão do presidente Lula, quem não gostaria de ter a força do PT e de sua militância nas ruas?
BENEDITA DA SILVA é secretária estadual de Direitos Humanos.
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