Política
o Regresso dos Cowboys
“
my mind is made up, don’t disturb me with facts”
no "
Oeste Bravio"
“Cá estamos de mãos dadas, Walt, dançando o universo na alma” diz
o judeu Fernando Pessoa ao
quaker do rito escocês Walt Whitman, meu irmão americano I believe in the “
inner light” “sou dos teus, tu bem sabes, e compreendo-te e amo-te/ E embora te não conhecesse, nascido pelo ano em que morrias,/ Sei que me amaste também, que me conheceste, e estou contente” (…) we feel good,
esotéricos quanto baste '
Song of Myself' as Whitman's
American Bible.
o
Prof. Eduardo Lourenço, 84 anos, foi a figura central do meeting cultural que a
Fundação Luso Americana (
FLAD) promoveu a semana passada (quinta feira dia 21), subordinado ao título “
Imagens da América”.
Teria o evento qualquer intenção política velada? Um recado dos filósofos sobre as actividades sanguinária da “
Quadrilha Selvagem” segundo
Sam Peckinpah, um aporte à estória encoberta da famiglia Bush em “
Haverá Sangue”? Numa primeira análise não; afinal, como logo se percebeu no início das palavras do orador convidado, o tema era mesmo apenas o Cinema “
apolítico”, a sétima arte que, desde os primeiros ensaios dos irmãos Lumiére, já leva 112 anos de existência (mais velho 52 anos que o primeiro filme de Manoel de Oliveira).
Eduardo Lourenço diz que conhecemos o cinema basicamente como o cinema americano; a geração do pós-guerra foi formada por ele; e
a ideia que temos da América é a ideia que nos foi induzida pelo cinema. Verdade? Sim, claro. O professor disserta longa e pormenorizadamente sobre a trívia do cinema que lhe moldou o conhecimento – desde a projecção chuvosa da vida de Cristo num lençol de parede na capela da aldeia natal, a
Tom Mix, “
o Rei dos Cabreiros” e
Tarzan, o rei do reino animal, aquele que domina a Natureza – até breves referências a obras mais substanciais:
D.W. Griffith “
The Birth of a Nation” o nascimento de uma Nação (1921), passando pela mitologia universal de
Chaplin- Charlot, e detendo-se finalmente pelos
filmes de cowboys que são de facto o fundo da mitologia americana.
O sonho histórico de expansão das fronteiras. Citando E.L: “
a América assume positivamente aquilo que foi uma conquista feroz e que nenhum dos imperialismos europeus conseguiu transformar em epopeia” – nesse tempo havia um problema de comunicação, problema que desapareceu mais tarde com a formação psicológica induzida pelo cinema dos heróis americanos, quando
John Wayne afirmou que "
o exterminio dos índios nativos tinha sido um mal necessário”. Agora percebemos, mas não se percebe porque omitiu o prof. Eduardo Lourenço qualquer referência crítica á ideia expansionista americana, ou porque razões omitiu até o próprio genocídio. Mas enalteceu o espírito bíblico das obras mestras dos quatro ou cinco grandes estúdios de hollywood: a
Century Fox, a
Warner Brothers, a
Metro Goldwin Mayer, “que pertenciam todos a patrões judeus”.
Fomos ver como é que, como em
Frank Capra, (o realizador do filme de propaganda "
Why We Fight" durante a 2ªGGuerra) com Eduardo Lourenço
acaba sempre tudo numa radiante mensagem optimista para o futuro (mesmo depois da bancarrota, que lindo é este mundo ficcionado, onde policias e banqueiros ajudam os pobres e falidos: "It`s a Wonderful Life"):
Lourenço é Director Honorário da Fundação Luso Americana nomeado pela FLAD. Afinal um evento que aparentava ingenuidade apolitica tinha tudo de político. Como disse ontem
Kennedy “
somos todos berlinenses”, como diz hoje Cavaco “
somos todos americanos” ou como diz o zé desde sempre “
somos todos índios” a quem se aplicam os efeitos especiais tecnológicos da velha ideia de “
californication” hollywoodesca (
*), ainda por cima obrigando as vítimas a pagar bilhete para se formatarem ao jeito dos algozes.
Somos todos Índios no sentido marxista que
Abraham Polonscky imprimiu a "
Tell Them Willie Boy Is Here", razão para ser marginalizado, agora
quando o espírito de Conquista do Oeste persiste por esse mundo fora, onde os implacavelmente derrotados, quando não exterminados segundo o método israelita, se vêem constrangidos a árduas batalhas: a sobrevivência em campos de concentração, as famosas reservas indígenas, onde são usados como vítimas de atracção folclórica para as Ong,s - onde as esmolas são uma constante que aviltam e tornam indigna a condição do ser humano. Na medida em que as classes médias no Ocidente empobrecem, vamos cada vez conhecendo melhor e mais de perto esses guetos sociais onde as forças do mal, “
Force of Evil, (1948) também de Pollonck são a razão, pensar diferente e à esquerda, para que se seja aldrabado, perseguido e excomungado.
Por favor repare-se - aqueles capuzes aplicados aos prisioneiros de
Abu Grahib têm reminiscências concretas nos capuzes do
Ku Klus Klan, a
seita secreta segregacionista que construiu a América de “
Intolerância” – o outro filme de Griffith que Eduardo Lourenço não mencionou.
“Deus é o sentido para onde tendem todas as inteligências que governam este mundo contra a vontade satânica da matéria inerte” (…)“O meu destino pertence a outra Lei cuja existência a Ophélinha nem sabe, está subordinado cada vez mais à obediência a Mestres que não permitem nem perdoam.”
(e) foi então que, para te vingar
E à maneira de santo, os arreliar
Desceste mansamente à terra
Perfeitamente disfarçado
E fizeste entre os homens da razão
Um milagre assignado, mas cuja
assignatura se erra
Quando em teu dia,
S. João do Verão,
Fundaste a Grande Loja de Inglaterra - Fernando Pessoa (1935)
Os 4 Cavaleiros do Apocalipse
O mesmo espirito das
cruzadas, "temos de salvar o Cristianismo" e os mesmos efeitos colaterais - até o Pacheco os referiu, são eles:
a Conquista,
a Guerra,
a Fome e
a Morte - de
Eduardo Lourenço,
moço de fretes da
ideia americana, cuja viagem cinematográfica não passou pela pioneira UFA alemã, tampouco pela nouvelle-vague europeia, nada se ouviu - ou melhor,
dela disse ser uma "epopeia"; com fins beneméritos, I presume,
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