Política
o Trabalho contra o Capital na globalização
Em termos de poder de compra, a China tem agora a maior economia em todo o planeta, mas essa não é a única área em que a República Popular da China ultrapassou os “nossos aliados” Estados Unidos da América do Norte. Segundo Li Delin, autor da obra "A Conspiração Goldman Sachs", no ano 2040 a economía da China, a manter-se as actuais tendências, atingirá um PIB de 123 triliões de USDolars, isto é, triplicará em relação à dos Estados Unidos. Em 1850, enquanto os emigrantes eslavos e anglo-saxónicos nos EUA se digladiavam entre si e ambos exterminavam os nativos, a China era a maior potência de produtos manufacturados do mundo, supremacia derrubada pela invasão estrangeira nas Guerras pelo Ópio. Em 2010 a China recuperou a liderança como maior produtor mundial.Shangai, 1950. Desfile comemorativo do 1º aniversário da Revolução Popular.
(gravura da Escola Estatal de Arte de Hangzhou)
Em termos de PIB bruto, os EUA ainda são o número um, pelo menos por agora. Mas de acordo com o FMI, a China ultrapassou-os em vários outros índices de desenvolvimento. A China contribui para o comércio mundial (soma das importações e exportações) mais que os EUA contribuem; a China consome e paga (sem guerras de pilhagem) mais energia que os EUA; a China agora produz mais bens reais transacionáveis do que os EUA produzem (com a sua economia assente em papel-moeda fictício). Por outras palavras, a era da dominação económica norte-americana está a acabar rapidamente.
O poder económico global está a fazer neste momento uma mudança dramática para leste, o que vai ter enormes implicações para o nosso futuro como europeus. O valor das exportações dos EUA para a China en 2013 foi de 121 milhões de dólares, enquanto as da China para os EUA atingiram 440 milhões. Com os défices acumulados os Estados Unidos já devem à China bem mais de um trilião de dólares, e como a sua infra-estrutura económica se está a desmoronar todos os países aliados estão febrilmente a emprestar mais dinheiro (comprando títulos financeiros) numa tentativa desesperada para sustentar um padrão de vida que está em queda livre. Com o nosso actual sistema não podemos competir com a ética de trabalho, criatividade e determinação da China e outras nações asiáticas, conforme vem sendo demonstrado. Se continuarmos por este caminho, que futuro para as gerações seguintes no ocidente? A pobreza nos subúrbios das cidades norte-americanas subiu 64 por cento na última década.
40 anos depois da Revolução, a força do Trabalho produtivo. Shangai 1990
A lógica comparativa é que os preços não são os mesmos em cada país: uma camisa, um quilo de carne ou uma propina escolar tem um custo muito menor em Xangai do que em São Francisco, por isso não é inteiramente razoável comparar os dois países sem levar isso em conta. Embora um chinês ganhe em média muito menos do um individuo médio nos EUA,
ao converter um salário chinês em dólares subestima-se o poder de compra que esse indivíduo, e portanto os habitantes médios do país podem ter. O
“Índice Big Mac” da revista The Economist é um grande exemplo dessas disparidades. Segundo os dados estatísticos do FMI ambos os PIB em termos de taxas de mercado estão equiparados, mas
com base no poder de compra a China já ultrapassa os EUA, tornando-se a todos os níveis a maior economia do mundo - a China tem as
maiores reservas mundiais de divisas estrangeiras sendo o maior produtor e importador de ouro do mundo. Em
Paridade de Poder Aquisitivo (PPA), em 2005 a economía da China representava menos de metade da estado-unidense (em PPA), porém em 2011 alcançou 87 por cento da economía de EUA - em 2014
o PIB de China totalizará o equivalente em trabalho a 17,6 mil milhões de dólares, enquanto a dos
EUA estagna nos 17,4 mil milhões de papel-moeda especulativoDesenvolvimento, cosmopolitismo, desafio ao modelo capitalista ocidental, Shangai, 2013
Em 1998 os Estados Unidos controlavam 25% do mercado mundial de alta tecnología, enquanto a China contava com apenas 10 por cento. Na actualidade o gigante asiático supera em mais do dobro os EUA; a China hoje controla mais de 90 por cento do mercado mundial de metais raros, essenciais para a principal exportação para o Ocidente que são os equipamentos informáticos. Uma investigação do Senado revelou que a China fornece
mais de 1 milhão de diferentes tipos de componentes para a industria de Defesa (e de ataque) dos EUA. Apesar da ascenção permanente, 93 por cento das transações mundiais continuam a ser feitas em dólares e não em yuans. Ora para a definição de imperialismo o que deve contar é o volume de capitais exportados (a maioria puramente especulativos) contra a exportação de bens e mercadorias produzidos na economia real. Para obviar esse incómodo, de em termos globais
o Capital render mais que o Trabalho,
Pequim está a criar um banco de investimento asiático para
competir com instituições globais como Banco Mundial. ¿ Adeus aos petrodólares? a
Rússia e a China, parceiros na Organização de Shangai, trabalham neste momento num
sistema análogo ao SWIFT, a plataforma cambial que gere as trocas desiguais entre os paises economicamente dependentes.
Na indústria da construção e obras públicas a China
consome anualmente mais cimento que os outros paises todos juntos, ao mesmo tempo que
as escolas superiores de engenharia chinesas já formam o dobro de licenciados nessa área nos EUA. Opiniões propagandisticas como a do semanário pró-imperialista Expresso alertam para a formação de um bolha no imobiliário chinês similar à que destrói valor no ocidente desde 2008, mas tal spin é deduzido em termos capitalistas. Na verdade
a economia chinesa tem bases socialistas. As cidades construidas para dar trabalho às pessoas enquanto as exportações para o Ocidente não aumentam (porque os paises capitalistas não têm dinheiro para as pagar) são pensadas como um
investimento para o futuro que entretanto providenciam o pleno emprego a toda a população.
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