Política
Os Direitos do Homem de Negócios
Num dos últimos posts sobre a Cimeira Europa-África -
Miguel Portas concorda com a culpa do Colonialimo nos males de África, e acrescenta: “
Mugabe só passou de bestial a besta quando tentou tocar nos interesses dos grandes fazendeiros”, ou seja,
quando a Reforma Agrária no Zimbabwe expropriou 90 por cento do terreno cultivável que ainda estava nas mãos de 1 por cento de colonos ingleses brancos e os repartiu pelos camponeses pobres. “O modo como depois Mugabe geriu, durante duas décadas, a relação com os colonos e a questão agrária, foi indiscutivelmente moderada, se a compararmos com a generalidade dos regimes pós-coloniais”. Até aí tudo bem, todos concordamos. Mas acrescenta:
A loucura veio depois “A última década do autocrata é uma catástrofe; quem paga a fuga em frente de Robert Mugabe não são os fazendeiros mas o povo”. Pois sim, mas os fazendeiros abandonaram o país, inconformados com a situação de já não serem os donos e senhores exclusivos das empresas e
a Grã-Bretanha impôs e conseguiu que a União Europeia impusesse sanções económicas e boicotes ao actual regime do Zimbawe.
Nessa “loucura”
Miguel Portas concorda com o Ministro dos Negócios Estrangeiros inglês (por acaso de um governo não eleito) quando
David Milliband diz: “O primeiro ministro britânico não estará presente – devido à nossa preocupação com a tragédia que se está a desenrolar no Zimbabwe,
que afecta pessoas de todas as raças e que acreditamos ser culpa de Robert Mugabe”
São estas acções de boicote e não outras que provocaram os 4 a “8 mil por cento de inflacção ao ano, o rendimento per capita em queda livre, as prateleiras vazias e uma queda na esperança de vida de 62 para 37 anos em 15 anos”
Regimes amigos e regimes inimigosDentro das apertadas
normas que as instituições financeiras internacionais lhe impõem e que deliberadamente destroem qualquer possibilidade de soberania económica que Mugabe, tenha as suas elites, ou “que escolha fazer asneiras” (como aumentar cinco vezes o salário dos veteranos de guerra, os seus principais apoiantes politicos), é próprio do status vigente em África, porque de economias débeis, permeáveis a toda a espécie de influências. O que os advogados do neo-colonialismo nunca perdoaram
ao partido no poder, o Zanu-PF, é a aura de socialismo que Mugabe adquiriu com a 1º independência. Ser-lhes-ia muito mais útil a vitória eleitoral do pró-Ocidental Arthur
Mutambara, um engenheiro formado no MIT do Massachusetts que promove a oposição apoiado em poderosas forças exteriores. (ver a
Zimonline). Outro facto que fundamenta serem os interesses económicos aquilo que está em causa (e não quaisquer “direitos humanos”) é o ordenado pelo cargo do presidente Mugabe se fixar em cerca de 1500 euros, enquanto o ministro das Finanças,
responsável perante os bancos centrais estrangeiros que gerem a dívida externa, aufere 36.000 euros mensais. Assim como assim num país pobre como Portugal o gestor do Banco Central, Vítor Constâncio também ganha mais que o responsável pela Reserva Federal Americana.
E contra isto não há indignação dos militantes dos direitos económicos. Estes altos gestores nomeados não se sabe por quem, à revelia de qualquer réstea de democracia,
evidencia a existência de uma rede financeira que supervisa (apoiando) as actividades económicas das 38.000 multinacionais existentes no mundo (90 por cento das quais são israelo-americanas). Afinal, sempre é o suporte económico que é dado aos regimes que determina em última análise a sua natureza.
loading...
-
Cplp, Commonwealth, Ditadores
“É tempo de olharmos mais para Oriente, para onde o sol nasce, em vez de olharmos para o Ocidente, onde o sol declina e por fim desaparece” Robert Mugabe Porque é que a postura politica do Ocidente perante Angola é diferente da do Zimbabwe? –...
-
Cimeira Europa África (II) Não há nada que chegue à mão branca para alimentar os coitadinhos dos pobres, mas a outra mão, a que lhes vende as armas e lhes suga as riquezas, permanece invisivel Uma dúzia de nomes sonantes, muitos deles prémios...
-
Acordo No Zimbabwe: Positivo, Frágil E Imprevisivel
Após meses de violência e de impasse político, foi finalmente conseguido um acordo no Zimbabwe. Mugabe fica com a presidência, Tsvangirai assume a liderança do Governo. Uma solução pouco ortodoxa, não? Apesar de ter sido a solução possível,...
-
A Derrota De Mugabe E A Mudança No Zimbabué
Apesar de com grande cautela, os resultados das legislativas no Zimbabué poderão indiciar importantes sinais de mudança. Mas é o cenário pós-2ª volta das presidenciais que maiores receios suscita. Se Mugabe vencer, não será certamente fácil...
-
Orgulho Britânico
A oposição declarada do governo de Brown à vinda de Robert Mugabe é sintomática. Reflecte a postura de um país que faz questão de distanciar regularmente a sua agenda dos consensos europeus. E fá-lo agora, mais uma vez, sem quaisquer remorsos....
Política