Os perigos do e-lixo Os perigos do e-lixo Tamanho do texto? A A A A
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O avanço acelerado da tecnologia e o acesso fácil a equipamentos eletrônicos têm aumentado muito a produção, no Brasil, do chamado e-lixo, sucata que inclui desde microcomputadores até CDs, telefones celulares e pilhas, materiais com alta concentração de metais pesados, danosos ao meio ambiente e à saúde humana. Há mais de 130,5 milhões de telefones celulares hoje no País, aparelhos que são usados, em média, durante dois anos, trocados por outros e sucateados. Os computadores já são 50 milhões, número que deve chegar a 100 milhões em 2012, nas empresas e residências, e que são trocados a cada quatro ou cinco anos, transformando-se então em lixo, quase sempre com destinação incorreta.

Num esforço para conscientizar a sociedade sobre esse problema, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SMA) promoverá, nesta quinta-feira, em 372 municípios paulistas, o Mutirão do Lixo Eletrônico. Duas mil caixas de coleta serão instaladas nas cidades que aderiram à iniciativa. Em parceria com o governo do Estado, uma empresa de transporte e logística recolherá o material e o entregará a uma companhia especializada nesse tipo de reciclagem.

Pilhas, baterias, celulares, computadores, televisores, rádios, DVDs, CDs, lâmpadas fluorescentes e outros produtos formam o e-lixo que nos aterros comuns liberam substâncias como chumbo, cádmio, arsênio e mercúrio - metais pesados responsáveis por vários tipos de câncer, problemas do sistema nervoso central, dos rins, do fígado, dos pulmões, além de provocar má-formação de fetos em mulheres grávidas. Esses metais pesados se infiltram no solo, comprometem os mananciais e, assim, entram na cadeia alimentar. Além do que, equipamentos eletrônicos são normalmente de PVC e demandam séculos para se decompor.

Livrar o meio ambiente e a saúde pública dessa sucata se torna cada vez mais urgente, mas, apesar da rápida evolução do mercado de eletrônicos no Brasil, ainda não existe uma legislação que regulamente com eficácia o descarte dos produtos eletrônicos, fixando responsabilidades para evitar sua destinação inadequada.

O Brasil consome, anualmente, 1,2 bilhão de pilhas e 400 milhões de baterias de telefone celular. Das pilhas comuns, vendidas no País, estima-se que 40% sejam falsificadas, produzidas sem o menor cuidado e com teor de metais pesados superior ao permitido pela Resolução nº 257, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) - único instrumento legal sobre o emprego de substâncias tóxicas em pilhas e baterias e que obriga os fabricantes a manter coleta desses produtos e a encaminhá-los para reciclagem.

Regras tímidas, trabalho de conscientização esporádico e fiscalização praticamente inexistente agravam um problema que cresce em progressão geométrica. Apenas alguns fabricantes de telefones celulares instalaram em suas redes de assistência técnica o serviço de coleta de baterias usadas.

Essas ações isoladas só apresentarão resultados satisfatórios se uma campanha de conscientização for mantida para convencer consumidores a não enviarem esses produtos para aterros sanitários e lixões. Parcerias com o comércio varejista, com empresas de transporte público e com prefeituras podem permitir a instalação de caixas de coleta desses produtos em pontos de grande concentração de pessoas, como vem sendo feito pela Prefeitura de São Paulo, mas precisam ter sua função e seus endereços mais bem divulgados. Os contratos com as empresas de coleta de lixo também precisam contemplar a necessidade de segregar e descartar adequadamente essa sucata.

Aqui na capital, durante o Mutirão do Lixo Eletrônico, caixas de coleta serão instaladas em estações do Metrô, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e em terminais da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (Emtu). Lojas da rede Carrefour, parques, órgãos do governo, subprefeituras e empresas também funcionarão como postos de coleta. Mas essa iniciativa não pode se restringir a um único dia no Estado de São Paulo apenas. Precisa se alastrar pelo País inteiro.



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