Política
Os sinais de melhora - MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 18/09A economia brasileira está dando seguidos sinais de que vai confirmar a previsão de melhoria do ritmo de atividade no segundo semestre. Todos os indicadores preliminares do terceiro trimestre mostram que ele será melhor do que o segundo. A dificuldade será a economia internacional, que continua em compasso de espera. Nos Estados Unidos, ainda paira a ameaça do impasse fiscal.O Banco Central está no mais longo período de queda de taxa de juros. Em um ano, houve redução de cinco pontos. A Fazenda fez vários incentivos, com redução setorial de impostos e medidas mais estruturais, como a mudança da forma de cobrança da contribuição previdenciária. Tudo isso estimula a economia.O Boletim Focus mostrou que o mercado continua reduzindo o crescimento do PIB de 2012. Foi para 1,57%, na sétima semana de redução. Mas até o final do ano as notícias serão melhores. Não em todas as áreas. A projeção para a inflação continua subindo. O dado de ontem foi a 5,26%. Há poucas chances de queda da inflação porque os preços de alimentos permanecerão pressionados.A previsão de colheita de milho no Estados Unidos da safra 2012/2013 foi reduzida de 375 milhões de toneladas, em junho, para 272 milhões, em setembro, ou seja, 103 milhões a menos. Uma redução de 28%. Isso significa uma oferta menor do grão nos próximos 12 meses. No caso da soja, a previsão foi reduzida de 87 milhões de toneladas para 71 milhões. Queda de 19%. Para a economista Ana Laura Menegatti, da MB Agro, Brasil e Argentina vão conseguir repor a oferta menor de soja dos EUA, mas isso significa que não haverá recomposição de estoques até 2014.— As commodities agrícolas estão em alta e há fundamentos para isso. Será difícil separar o que é aumento de preço por razões de mercado do que é alta por especulação financeira. O repasse de preços para o Brasil tem sido imediato por causa da desvalorização do real — afirmou.O cobre subiu 5,4% na semana passada, o ouro atingiu a maior cotação em seis meses. O petróleo está no maior preço em quatro meses. Tudo isso pode se acentuar com a nova rodada de estímulos nos EUA.O economista Fábio Silveira, da RC Consultores, acredita que pode haver sim um aumento de preços de commodities metálicas por conta da injeção de dólares do Fed. Mas avalia que o baixo crescimento na Europa e nos EUA vai mudar essa tendência ao longo do ano que vem.A incerteza externa continua, enquanto aqui a situação começa a melhorar. O desafio das autoridades brasileiras será evitar a alta da inflação e manter o crescimento com a economia externa ainda fria. Confira no gráfico abaixo a perda de vigor do comércio internacional. O índice CPB World Trade Monitor, que mede as importações mundiais, desacelerou de 14,5% em janeiro de 2011, numa taxa em 12 meses, para 2,9% em junho deste ano.
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