Para perder-se e viajar com Borges
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Para perder-se e viajar com Borges




Descubrir lo desconocido no es una especialidad de Simbad, de Erico el Rojo o de Copérnico. No hay un solo hombre que no sea un descubridor. Empieza descubriendo lo amargo, lo salado, lo cóncavo, lo liso, lo áspero, los siete colores del arco y los veintitantas letras del alfabeto; pasa por los rostros, los mapas, los animales y los astros; concluye por la duda o por la fe y por la certidumbre casi total de su propia ignorancia.”
Borges


14/06/2011


Há 25 anos morria Jorge Luis Borges. Na Argentina e em diferentes partes do mundo se recordará o autor em rodas de leitura e celebrações.
A mais importante delas talvez seja em Veneza, que inaugura um labirinto com o nome do escritor, formado por três quilômetros de pequenas árvores, de 75 centímetros de altura, sobre uma superfície de 2,3 mil metros quadrados.
A obra fica na Fundação Cini e foi desenhada pelo britânico Randoll Coate, considerado o maior especialista em labirintos do mundo.
O recorrido receberá placas onde será transcrito, em braile, o conto O Jardim dos caminhos que se bifurcam, uma obra que subverte a noção de texto tradicional, apontando para a possibilidade de o leitor seguir caminhos variados, em histórias multiformes.
Borges tem seu labirinto na Argentina desde 2003, na Finca Los Alamos, em San Rafael, Mendoza. Também desenhado por Coate, é feito de 7 mil arbustos (ainda em fase de crescimento) que cobrem dois hectares de terra.
O labirinto é, na visão “borgiana”, uma representação da natureza humana, uma projeção do medo do homem de perder-se, mas, ao ‘mesmo tempo, uma imagem de esperança, porque cada labirinto tem um plano e uma lógica: perder-se para encontrar finalmente uma saída.
Quem quiser perder-se (ou encontrar-se) pelos caminhos de Borges por Buenos Aires pode seguir o roteiro literário que passa pelos lugares onde o escritor viveu ou citou em suas obras.
Ou então sentar-se em um dos Bares Notables que fazem parte do projeto “Yo leo en el bar”, como Tortoni ou El Federal, e que possuem a coleção completa do escritor argentino, para ser lida entre um café e outro.
Sempre levo para a mesa o Atlas de Borges, que reúne fotos do escritor e de sua compaheira Maria Kodama por cerca de 20 cidades do mundo. Borges no labirinto de Creta, nas areias do Saara, nas pirâmides do Egito, num festival de jazz em New Orleans.
As fotos são acompanhadas por pequenos textos do escritor que, já cego, decidiu recorrer o mundo para vê-lo com seus quatro sentidos restantes.
Quem quiser viajar como ele, agora, pode fechar os olhos e escutar uma música de “délibáb”, disco de Vitor Ramil elaborado a partir do livro de poemas Para las seis cuerdas, do mesmo autor de O Aleph.

Gisele Teixeira é jornalista. Trabalhou em Porto Alegre, Recife e Brasília. Recentemente, mudou-se de mala, cuia e coração para Buenos Aires, de onde mantém o blog Aquí me quedo, com impressões e descobrimentos sobre a capital portenha



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