SÃO PAULO - Todos os problemas levam a Minas, onde, dizem muitos, a
eleição poderá ser decidida. Até o lançamento da candidatura de José
Serra, Minas era considerada, entre tantas, a maior pedra em seu
caminho. A recepção calorosa de Aécio Neves ao colega paulista
esvaziou, ao menos por ora, essa percepção.
Os petistas ainda torcem para que Minas e Aécio voltem a ser, mais
adiante, o próprio inferno na Terra para Serra. Sonham com sua
cristianização pelo aliado. O fato, no entanto, é que as coisas no
último mês andaram a favor do tucano. Sua candidatura hoje parece mais
sólida do que parecia em março.
Minas virou sobretudo um problema para Dilma Rousseff e para os
petistas. A vitória de Fernando Pimentel sobre Patrus Ananias na
prévia de domingo abre caminho para que o partido venha apoiar a
candidatura de Hélio Costa ao governo do Estado, como deseja Lula.
Ocorre que neste roteiro forçado, no qual Pimentel sai candidato ao
Senado, está prevista também a cristianização do nome do PMDB pelo PT
local. Ou alguém acredita que a militância sairá às ruas animada para
eleger Hélio Costa?
Há um custo político e há um custo moral na imposição de Lula ao PT
mineiro. Não é apenas Fernando Pimentel que estará sendo sacrificado
em nome do "projeto nacional". Com ele, sacrificam-se uma série de
valores e referências históricas. Isso pode soar ingênuo diante do que
o lulismo já foi capaz de fazer (e de esquecer), mas até que ponto
vale esticar a corda para se equilibrar sobre o abismo da ética?
Hélio Costa é um típico representante do telepopulismo à moda antiga.
Enquanto conseguiu, foi um fiel servidor da Rede Globo. Figura pomposa
e hoje obsoleta, mais atrasado do que propriamente conservador, Costa
encontrou no PMDB, a legenda que melhor exprime o vale-tudo da
política brasileira, um espelho e uma casa para sua carreira tão
repleta de ideias e de ideais.
Dilma faz, na sua terra natal, a opção clara pelo atraso. Pode ser um
preço alto demais para ter o PMDB.