O Estado de S.Paulo - 03/11
A presidente da Petrobrás, Graça Foster (foto), toca em pontos de estratégica importância na entrevista que está publicada no Estadão de hoje (páginas B1 e B3), concedida a Irany Teresa, Sabrina Valle e Wellington Bahnemann.
Não se trata apenas de garantir paridade de preços internacionais aos combustíveis, de maneira a viabilizar a carteira de investimentos da empresa e encontrar sócios para as refinarias que terão de ser construídas nos próximos anos.
Trata-se, primeiro, de saber o que queremos. "É importante que o Brasil defina se vai ser um exportador ou se vai administrar as suas reservas (de petróleo) para ser autossuficiente", disse ela.
Multiplicam-se as indicações de que a era do petróleo está em declínio. Há a revolução do xisto, que em seis anos vai tirar os Estados Unidos do mercado comprador; há a opção feita pela Inglaterra por concentrar sua matriz energética na energia nuclear; está em curso no resto da Europa o desenvolvimento rápido de fontes renováveis de energia; aumentam as pressões ambientalistas para apressar a substituição de motores a derivados do petróleo pelos movidos a energia elétrica e para tirar os veículos a explosão das ruas das grandes cidades... E por aí vai.
Como advertiu na semana passada, no programa GloboNews Painel, o físico José Goldenberg, cresce a concorrência ao petróleo. Em menos de uma geração, os preços podem desabar e enormes reservas no mundo inteiro, não apenas por aqui, podem micar no subsolo. Atrasar a exploração do pré-sal no Brasil, em nome do que seja, leva o risco de deixar sepultadas enormes riquezas para sempre.
Para a presidente Dilma, que promete centenas de bilhões de dólares em royalties e em receitas de exportação de óleo e gás para financiar a educação, a saúde, o desenvolvimento do Brasil, essas questões têm de ser levadas mais a sério.
Com essa necessidade de urgência, importa saber, também, até que ponto vale a pena criar tantas reservas de mercado para a indústria nacional de equipamentos de petróleo e gás. Será um investimento altos, a custos sociais também altos, com resultados questionáveis, porque terão de variar de acordo com a velocidade com que se quiser explorar o petróleo.
Esse tipo de política foi também a que prevaleceu no regime militar, e não se limitou ao setor de informática. O governo Geisel, por exemplo, havia feito uma opção apressada por rápido desenvolvimento da energia nuclear. Para isso, convocou o Grupo Villares para construir, em parte com recursos subsidiados pelo BNDE (naquele tempo, sigla sem o S de hoje), a Vibasa, indústria que se destinaria a fornecer equipamentos pesados para as centrais nucleares que se espalhariam pelo Brasil. Os planos mudaram, porque também não estavam suficientemente alicerçados, e o investimento fracassou.
Este é um precedente que coloca dúvidas sobre o horizonte de segurança com que operará o setor nacional de sondas, plataformas e equipamentos para produção de petróleo, independentemente da vontade política do atual governo.
A presidente da Petrobrás, Graça Foster (foto), toca em pontos de estratégica importância na entrevista que está publicada no Estadão de hoje (páginas B1 e B3), concedida a Irany Teresa, Sabrina Valle e Wellington Bahnemann.
Não se trata apenas de garantir paridade de preços internacionais aos combustíveis, de maneira a viabilizar a carteira de investimentos da empresa e encontrar sócios para as refinarias que terão de ser construídas nos próximos anos.
Trata-se, primeiro, de saber o que queremos. "É importante que o Brasil defina se vai ser um exportador ou se vai administrar as suas reservas (de petróleo) para ser autossuficiente", disse ela.
Multiplicam-se as indicações de que a era do petróleo está em declínio. Há a revolução do xisto, que em seis anos vai tirar os Estados Unidos do mercado comprador; há a opção feita pela Inglaterra por concentrar sua matriz energética na energia nuclear; está em curso no resto da Europa o desenvolvimento rápido de fontes renováveis de energia; aumentam as pressões ambientalistas para apressar a substituição de motores a derivados do petróleo pelos movidos a energia elétrica e para tirar os veículos a explosão das ruas das grandes cidades... E por aí vai.
Como advertiu na semana passada, no programa GloboNews Painel, o físico José Goldenberg, cresce a concorrência ao petróleo. Em menos de uma geração, os preços podem desabar e enormes reservas no mundo inteiro, não apenas por aqui, podem micar no subsolo. Atrasar a exploração do pré-sal no Brasil, em nome do que seja, leva o risco de deixar sepultadas enormes riquezas para sempre.
Para a presidente Dilma, que promete centenas de bilhões de dólares em royalties e em receitas de exportação de óleo e gás para financiar a educação, a saúde, o desenvolvimento do Brasil, essas questões têm de ser levadas mais a sério.
Com essa necessidade de urgência, importa saber, também, até que ponto vale a pena criar tantas reservas de mercado para a indústria nacional de equipamentos de petróleo e gás. Será um investimento altos, a custos sociais também altos, com resultados questionáveis, porque terão de variar de acordo com a velocidade com que se quiser explorar o petróleo.
Esse tipo de política foi também a que prevaleceu no regime militar, e não se limitou ao setor de informática. O governo Geisel, por exemplo, havia feito uma opção apressada por rápido desenvolvimento da energia nuclear. Para isso, convocou o Grupo Villares para construir, em parte com recursos subsidiados pelo BNDE (naquele tempo, sigla sem o S de hoje), a Vibasa, indústria que se destinaria a fornecer equipamentos pesados para as centrais nucleares que se espalhariam pelo Brasil. Os planos mudaram, porque também não estavam suficientemente alicerçados, e o investimento fracassou.
Este é um precedente que coloca dúvidas sobre o horizonte de segurança com que operará o setor nacional de sondas, plataformas e equipamentos para produção de petróleo, independentemente da vontade política do atual governo.