O Banco do Brasil é empresa de capital aberto. O governo não o dono, é o maior acionista. Por isso, a demissão assusta e derruba as cotações. O spread bancário é um problema grave, mas o presidente da República não pode administrar um banco de economia mista. É um disparate.
Nenhuma intenção de defender o presidente do Banco do Brasil que foi demitido, apenas é preciso entender como a economia funciona: se o BB tem acionistas privados, ele tem que operar com as regras do mercado, buscando lucro e competindo com os outros bancos. Se ele vai ser administrado pelo presidente da República ou pela chefe da Casa Civil, então não pode ter ações no mercado. Ou uma coisa ou outra.
Mas as estatais, mesmo com ações em mercado, têm atendido aos interesses do governo e do partido do governo desde o início da administração Lula. Foi assim com aquela velha história, já esquecida depois de tantos escândalos, em que o Banco do Brasil comprou milhares de ingressos para um show com renda para o PT. A Petrobras, há muito tempo, só tem um interesse: montar palanques para o governo.
Esse tipo de distorção cria uma incerteza regulatória que assusta qualquer investidor.
Dito tudo isso, é bom lembrar que um dos maiores mistérios brasileiros é o tamanho do spread bancário, de qualquer instituição financeira, e em qualquer época ou situação econômica. Os bancos diziam que os juros cairiam quando houvesse lei de falências aprovada. Ela foi aprovada e os spreads não caíram. Depois, diziam que era quando houvesse liberação de compulsório. E nada. Diziam que era quando a Selic caísse, e nada também. A Febraban diz que as comparações com spreads de outros países são comparações entre bananas e laranjas, e que os juros aqui têm impostos demais. Experimente tirar os impostos das contas. Eles, ainda assim, serão estratosféricos.
O Banco Central tem dito que está preocupado com o assunto, mas nada acontece. A demissão do presidente do BB é um ato de desespero.