Vamos supor, amigo navegante, que o debate da Band tivesse “bombado de audiência”.
O que, com a Band, é um oximoro.
Vamos supor que o Serra tivesse sido “brilhante”, aquele adjetivo que o Fernando Henrique prefere dedicar ao Daniel Dantas.
E daí, amigo navegante, o que teria acontecido ?
Nada.
O que o Serra defendeu ?
O reforço às APAES.
Tapar os buracos da Fernão Dias (por que ele, como o Grande Planejador do Governo do Farol, não fez isso ?).
O mutirão da saúde, como se o Brasil tivesse sido atingido pelo terremoto do Haiti.
A Abertura dos Portos, em homenagem ao Visconde de Cayru.
Conceder prioridade ao Intestino (não se sabe se ao Grosso ou ao Delgado, mas o Intestino, com certeza, é prioritário).
Como diz o Cesar Maia, grande aliado dos tucanos no Rio, o fornecedor do Índio à chapa do Serra, como diz o Cesar Maia, o problema do Serra é que ele “não tem tema”.
O Serra não tem o que defender.
Mas, amigo navegante, vamos perguntar aos nossos botões.
O que o Serra já defendeu na vida dele ?
Qual foi o “tema” da vida dele ?
A única coisa que se sabe que ele defendeu, de fato, com veemência, foram as Reformas de Base, no Comício da Central, ao lado do Jango.
De lá para cá, como deputado, senador, ministro, prefeito (mandato que ele cumpriu até o fim) e governador – que idéia original ele defendeu ?
Quando forem escrever o verbete sobre ele, o que se dirá ?
José Serra - deputado, senador, ministro, prefeito, governador, duas vezes derrotado em campanhas presidenciais, presidente do Palmeiras (*) … e o que mais ?
Depois que a blogosfera retirou do currículo dele a luta contra a AIDS (do Jatene) e os genéricos (do Jamil Haddad) – o que sobrou ?
Nada.
O filosofo Paulo Arantes, numa sabatina na Folha (**), já tinha feito essa pergunta – o que pensa esse rapaz ?
Ele é um operador.
Um operador da maquina partidária dos conservadores paulistas e operador do PiG (***).
A Veja – a ultima flor do Fascio - dizia que ele é “a elite da elite”.
Ele sempre foi o “eleito” do PiG (***).
O Fernando Henrique é que atropelou o Serra – e, por isso, os dois se odeiam mais do que se amam -, movido a Plano Real do Itamar.
Os dois – Fernando Henrique e Serra – entraram no vácuo do Consenso de Washington, assim que o Pedro Bial derrubou o Muro de Berlim e o Império se tornou incontrastável.
Se o resultado tivesse sido outro, os dois, o Farol e seu Grande Planejador tinham ido para o lado oposto, com o mesmo empenho e dedicação.
A matriz deles servia para as duas pontas: esquerda ou direita, comprador ou vendedor.
Hoje, melancolicamente, os dois caíram no colo do Uribe.
Fernando Henrique, sempre mais esperto, abriga-se na confortável “Villa” do filho do Roberto Marinho em Paraty (como poderia ser em Capri).
Clique aqui para ler sobre a vilegiatura do Farol em Paraty.
O Serra, coitado, moureja na porta das igrejas e é barrado.
Clique aqui para ler “Sumiram com o dinheiro dos tucanos e Serra é barrado na igreja”.
É porque o Lula implodiu os tucanos de São Paulo.
O Lula chupou o oxigênio deles.
O Lula fez inclusão social, com políticas que levaram à distribuição de renda na vertical e na horizontal.
Os pobres subiram na escala da renda – e infernizam o Jabor nos aeroportos – clique aqui para ler “TAM vai vender nas Casas Bahia”.
E na horizontal: o Brasil cresce mais fora de São Paulo.
Em Pernambuco e na Bahia, por exemplo, onde o Serra vai tomar a surra que o Arthur Virgilio disse que ia dar no Lula.
O Fernando Henrique e o Serra perderam a capacidade de entender o que aconteceu no Brasil com Lula e, com isso, não conseguiram “ter um tema”.
O “pós Lula” é um blefe.
O problema é o “mais Lula”.
Como não entenderam o que Lula tinha feito, não foram capazes de ter idéias para combater o Lula.
Fernando Henrique e Serra estão ancorados em 2002.
Em 2002, Fernando Henrique achava que entrava para a História e seria chamado em Colombey les Deux Eglises para salvar a Pátria, com o fracasso do Lula.
Em 2002, o Serra ganhou a eleição.
Daí vem a proteção às APAES, a prioridade ao Intestino etc etc etc
O Lula tirou o oxigênio dos tucanos de São Paulo.
O Serra terá um fim melancólico, como previu o Marco Aurélio Garcia.
Para o Fernando Henrique, zero a zero, diria a Eliane Catanhêde.
Ele sempre pode ir para Capri.
Paulo Henrique Amorim
(*) Está escrito nas estrelas que ele vai derrubar o Belluzzo.
**) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que avacalha o Presidente Lula por causa de um comercial de TV; que publica artigo sórdido de ex-militante do PT; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
(***) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
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