Quando as crianças se forem das férias-Walnize Carvalho
Política

Quando as crianças se forem das férias-Walnize Carvalho




Verão. Férias.
Dias de muito agito e poucas horas de descanso.
O sol e a chuva disputaram espaço tal qual as netas: na rede, no lugar à mesa, na fila do chuveiro, em frente ao espelho e no colo da avó.
Trinta dias de animação, descontração, azaração e ... confusão. E como em qualquer comunidade (casa cheia em praia, vira comunidade) “alguém te que ceder”.
Sobrou para a avó – a matriarca da família – colocar ordem no vespeiro.
Preparar lanches, recolher toalhas molhadas sobre as camas, arrumar revistas espalhadas, atender as coleguinhas no portão... sem contar com o vão conselho de que são muito novas para muita maquiagem. Difícil evitar que se misturassem à multidão ao chamamento de “atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu”.
Trinta dias de banhos de mar em demasia, de comida fria sobre o fogão, de sonoras gargalhadas na varanda, de passeios vesperais no calçadão.
Trinta dias de troca-troca de roupas, de sussurros e confidências com as amigas e de lânguidos olhares para os menininhos da casa em frente.
Trinta dias em que elas gastaram energia, contabilizaram momentos felizes e solidificaram amizades.
E, agora, fim de férias escolares é chegada a hora da despedida.
Chororó, troca de e-mails e de números de celulares entre a meninada.
Nos abraços, a promessa de reencontro no ano que vem.
Beijam a avó e, apressadamente, embarcam no carro. Seguem cabisbaixas, disfarçando lágrimas.
Com o olhar marejado as vejo sumir na estrada.
Entro em casa.
- Missão cumprida – penso. Afinal, contribuí para que vivessem dias tão intensos!
E me volto para projetos pessoais, já que vem por outra ouvia uma voz interior dizendo: “Quando as crianças se forem das férias...”
Abro a agenda imaginária e por lá estão anotados: caminhadas matinais no calçadão; descanso na rede lendo livros adquiridos que ainda permanecem fechados na cabeceira da cama; visita àquela tia de quem tenho tanto saudade; ver a chegada dos barcos no fim da tarde e à noitinha ir à beira-mar ao encontro de lua e estrelas...
Uma paz inquieta invade-me.
Sem muito refletir, pego o telefone.
Ligo para as netas.
Lanço a pergunta-convite: - Que acham de passarem o feriado da Páscoa aqui na praia?...



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