Por Ariel Palacios e Denise Chrispim Marin, no Estadão. O título é meu.
A ambição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de atuar como um líder apaziguador de ânimos e como disseminador do bom senso durante o encontro da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), ontem, foi arruinada por seu próprio comportamento. Em sua exposição, Lula não apresentou nenhuma contribuição efetiva para solucionar a polêmica causada pelo acordo militar entre os EUA e a Colômbia e terminou por bater boca com seu colega equatoriano, Rafael Correa, ao acusá-lo de conduzir mal os debates e de querer prolongar a reunião.
Em seu discurso, Lula retomou a necessidade de um encontro com o presidente dos EUA, Barack Obama, para tratar dos planos da Casa Branca para a América Latina - tema já abordado em abril, na Reunião de Cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago. Insistiu ainda na convocação da reunião dos ministros do Conselho de Defesa e do Conselho de Combate ao Narcotráfico da Unasul, em setembro.
Apenas de leve, Lula citou a exigência de garantias jurídicas de que as ações das forças americanas se restringirão ao território colombiano. Acentuou um pouco mais apenas o temor de invasão da Amazônia. Nas últimas semanas, esses foram os pilares dos discursos do Palácio do Planalto e do Itamaraty em relação ao acordo EUA-Colômbia. "Cautela e caldo de galinha não faz mal a ninguém", arrematou.
Suas impressões sobre o "sagrado" conceito de soberania e a necessidade de fortalecimento da Unasul caíram em uma vala comum, diante dos confrontos verbais entre Uribe e os aliados de Hugo Chávez, da Venezuela. Nesta semana, Lula havia solicitado um café da manhã com Chávez antes da cúpula. Tratou-se de uma tentativa de Lula de conter os ímpetos mais agressivos de seu "companheiro" contra a Colômbia e de instigá-lo a adotar um tom mais construtivo para um consenso.
A tentativa de Lula durou cerca de três das sete horas do encontro. Sem um canal de confiança para igualmente convencer Uribe a se deter nos temas propostos para o debate, Lula observou a série de ataques entre o colombiano, de um lado, e Chávez e Correa, de outro. Lula deixou-os brigar, sem nenhuma intervenção. Aqui