Relação insestuosa Celso Ming
Política

Relação insestuosa Celso Ming



O Estado de S. Paulo - 20/07/2010

Em entrevista publicada no Estado desse domingo, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, brandiu um punhado de argumentos nem sempre sólidos para justificar nova e perigosa criação do governo Lula operada pelo banco, que é o funcionamento de um orçamento paralelo destinado a financiar projetos oficiais.

Conforme já denunciaram o ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola e o ex-ministro do Desenvolvimento do governo Fernando Henrique Luiz Carlos Mendonça de Barros, a existência desse jogo traz de volta a chamada Conta Movimento, que existia até 1987 entre o Tesouro e o Banco do Brasil, cuja função era criar moeda e dar cobertura a projetos do governo. Foi um mecanismo que depois provocou inflação, crise e moratória da dívida soberana.

Desde 2009, o Tesouro repassou R$ 180 bilhões em títulos públicos para o BNDES, que, por sua vez, os transforma em dinheiro vivo no mercado e depois repassa para as empresas estatais ou para o setor privado, com o objetivo de financiar o investimento. Essa transferência implica a concessão de subsídios, na medida em que os juros pagos pelo tomador de empréstimo feito pelo banco não cobrem a remuneração paga pelos títulos do Tesouro.

Os dirigentes da instituição têm lançado mão de sofismas para justificar essa relação incestuosa com o Tesouro. Afirmam que não aumenta o endividamento líquido do setor público, na medida em que o crescimento do passivo (lançamento de novos títulos) corresponde ao crescimento de um ativo da mesma proporção (os empréstimos com garantia real às empresas).

O presidente do BNDES argumenta que essa é a forma mais adequada de viabilizar o investimento, que, logo em seguida, estará criando produção, empregos e arrecadação de impostos.

Mas, se é assim, se não há problema nenhum nesse casamento de valores e se o céu é o limite, por que em vez de emitir apenas R$ 180 bilhões já não se emite logo R$ 1,8 trilhão, desde que haja cuidado em manter um ativo de igual tamanho na outra ponta? Não seria essa a solução definitiva para a crônica falta de poupança e para a falta de investimentos no Brasil?

O governo Lula, secundado pelo professor Luciano Coutinho, está repetindo agora o que fizeram os governos militares. Eles sustentaram uma enorme carga de investimentos internos com aumento da dívida externa, que, coincidentemente, também tinha ativos equivalentes no outro prato da balança. Não obstante esses cuidados contábeis, deu no que deu...

Além dessas e outras justificativas baseadas nessa lógica, o presidente do BNDES afirmou em sua entrevista à repórter Raquel Landim que "tudo está sendo feito com total transparência". Mas, em seguida, quando lhe foi cobrada a tal transparência para os custos a serem descarregados sobre o setor público, entra em contradição dizendo que "essa conta é imprecisa, porque é preciso projetar o custo de captação do Tesouro no longo prazo, a trajetória futura da Selic, da inflação, da TJLP, além do crescimento da economia". Eis aí um dos principais problemas do atual BNDES: seu conceito de transparência é construído com um grande número de imprecisões e uma justificativa que nada mais é do que um jogo de palavras: "Estão fazendo tempestade sem substância."

Esticada

A tabela mostra como está evoluindo o comércio exterior. Em 12 meses, até a terceira semana de julho, as exportações cresceram 33,9%, quando comparado com igual período anterior. É uma enormidade, levando-se em conta que os mercados estão semiparalisados pela crise.

Mais investimentos

Mas as importações crescem ainda mais, nada menos que 45,8%. Refletem não só o forte aumento do consumo interno como também a maior disposição de investir. Não é à toa que os produtos mais importados são máquinas e equipamentos.




loading...

- Festa Para Poucos Celso Ming
O Estado de S. Paulo - 27/07/2010 Há seis anos, o BNDES emprestava R$ 60 bilhões no mercado e já provocava distorções. Hoje, os ativos são de mais de três vezes esse valor e as mesmas distorções se multiplicam. No início do mês, até mesmo...

- Miriam Leitão:novo Aporte Do Tesouro No Bndes é Um Absurdo
O Globo on line O Tesouro pode arcar com novo aporte no BNDES. Essa notícia, a manchete de hoje do jornal O Globo, causa espanto, porque no ano passado, o banco foi capitalizado em R$ 100 bilhões e depois em R$ 80 bi. Agora, estão falando em mais...

- Regina Alvarez Olhando A Dívida
O Globo - 12/02/2010 Só recentemente o mercado começou a olhar com mais atenção para o endividamento público pelo conceito de dívida bruta. O sinal de alerta veio com a divulgação do resultado consolidado de 2009, que mostrou um pulo de quase...

- Celso Ming 100 Bi Para A Mãe Do Pac
O governo está aumentando temporariamente a dívida pública em R$ 100 bilhões para viabilizar o empacado Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). São duas as principais justificativas do ministro da Fazenda, Guido Mantega. A primeira é de...

- O Maior Cheque Especial Da História Vinicius Torres Freire
FOLHA DE S. PAULO Lula estatiza a seca de crédito ao criar linha de R$ 100 bi, que deve cobrir o risco de falta de financiamento neste ano O GOVERNO Lula criou ontem o maior cheque especial da história brasileira. Colocou à disposição das empresas...



Política








.