Aécio Neves - Vide Serra.
Baixaria - No início da campanha todos os candidatos a abominam. Do meio para o fim, ela costuma se impor. Em São Paulo, deu ensejo ao comercial de televisão de Marta Suplicy (PT) destinado a virar um clássico (“Ele é casado? Tem filhos?”). Foi decisiva em Belo Horizonte para que Márcio Lacerda (PSB) derrotasse Leonardo Quintão (PMDB).
Caixa 2 - Ou fizeram bem feito ou fizeram de menos. Ou então a imprensa não correu atrás.
Gabeira – Derrotado por míseros 55 mil votos, menos do que a lotação do Maracanã, ganhou a condição de o maior eleitor individual do Rio. Em 2010 pode disputar o governo ou o Senado. Fora ganhar, nada é melhor do que perder ganhando. É o caso dele.
Geddel Vieira Lima - Tirou do fundo do poço da rejeição o prefeito João Henrique (PMDB), de Salvador, e o reelegeu contra a vontade do governador Jaques Wagner (PT). O PMDB baiano emplacou 114 prefeitos e 554 vereadores contra 67 prefeitos e 357 vereadores do PT. Gedel ganhou um palanque no Estado para oferecê-lo em 2010 a quem preferir – Dilma Rousseff ou José Serra.
Lula - Saiu da eleição menor do que entrou. Entrou como um Midas, capaz de transformar em ouro tudo que tocasse. Não desempatou a eleição em favor de ninguém. Perdeu feio ao ceder ao apelo do fígado para derrotar em Natal a candidata do senador José Agripino Maia, líder do DEM. Ou em Parintins o cunhado do senador Arthur Virgílio Neto, líder do PSDB. Lula está para essa eleição como a Seleção Brasileira esteve para a Copa do Mundo de 2006: condenado a ganhar, não ganhou.
Máquina - Dos 3.357 prefeitos que concorreram à reeleição, 2.245 foram reeleitos no primeiro turno – ou 66,8% deles. É o maior índice desde 2000 quando pela primeira vez os prefeitos puderam se reeleger. A máquina administrativa é o maior trunfo de candidatos à reeleição - mas ela só decide a parada se seu piloto for bom e se os ventos soprarem a favor. A máquina se mexeu para eleger Serra presidente da República em 2002 - mas os ventos sopravam a favor de Lula. E a máquina vazava óleo por todos os lados.
Marqueteiro - De estrela de primeira grandeza passou a culpado pelo desempenho medíocre dos candidatos. Quem ganha eleição é o candidato. Quem perde é o marqueteiro. Geraldo Alckmin (PSDB) trocou de marqueteiro no meio do primeiro turno. E aí? Acabou em terceiro lugar. Maria do Rosário (PT) trocou no segundo turno – perdeu para José Fogaça (PMDB). O marqueteiro argentino de Márcio Lacerda ficou rouco de tanto aconselhá-lo a construir uma imagem própria. Foi demitido. Seu substituto seguiu a receita dele com rigor – Lacerda venceu.
Militância - Era barulhenta, colorida e de graça. Perdeu a cor. Barulho? Agora só com pagamento adiantado.
Palanque - Entenda-se como tal a montagem de coligações que assegurem um tempo razoável de propaganda no rádio e na televisão. Quem não teve palanque perdeu logo no primeiro turno. Marcelo Crivella (PR) não teve no Rio. Nem Jandira Feghali (PC do B). Em São Paulo, Alckmin não teve.
PMDB - O michê subiu. Quero dizer: o cachê aumentou. Dizia-se que sem o PMDB presidente algum governaria. É certo dizer que sem o PMDB dificilmente alguém se elegerá presidente em 2010. Foi o partido que mais elegeu prefeitos e vereadores.
Poste – O mais ilustre deles, Márcio Lacerda, penou para se eleger prefeito de Belo Horizonte. Só conseguiu porque no segundo turno foi menos poste, a depender da luz emanada por Aécio (PSDB) e Fernando Pimentel (PT), e mais candidato. Kassab foi um poste que acendia. Poste autêntico foi João do Poste (ou melhor: João da Costa), eleito prefeito do Recife por obra e graça do prefeito João Paulo (PT).
PT - Não perdeu. Para compensar não ganhou. Aumentou seu time de prefeitos e de vereadores, é fato. Ficou de fora da festa nos maiores colégios eleitorais do país. Obteve um resultado muito aquém da sua ambição.
Serra - Sai da eleição maior do que entrou. Entrou na condição de possível candidato a uma derrota para Alckmin, que se lançou à revelia dele e como um enclave em São Paulo da candidatura de Aécio à sucessão de Lula. Serra derrotou Alckmin, Aécio e Marta. E elegeu Kassab. Foi um craque improvável, assim como é Obina no Flamengo.