Dentro dos muros da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro, os alunos se reuniram para uma homenagem relembrando os seis meses do dia em que o ex-aluno Wellington Menezes de Oliveira matou 12 crianças e feriu outras. Mesmo com o tempo, as memórias do massacre se mostram difíceis de abandonar o cotidiano das crianças, pais e professores.
Até a obra realizada no prédio para tornar a Tasso da Silveira uma escola modelo da prefeitura parecia assustar. "Qualquer barulho de furadeira já fazia eles ficarem com medo, perguntarem o que era aquilo", conta Gildete Antunes, 45 anos, mãe da aluna da quinta série Gisele Antunes, 11 anos.
Segundo Gildete, o comportamento da filha mudou muito após a tragédia. "Ela fica preocupada com todo o mundo. Não deixa o irmão de 19 anos sair de casa. Quando ele foi ao Rock in Rio, ela ficou sem dormir", afirma. Gildete afirma que o desejo de permanecer na escola partiu da própria filha. "No primeiro dia, ela disse que queria mudar, mas daí as colegas ficaram, ela também se sentiu mais segura".
Devido às obras que ocorrem na escola, as aulas têm redução de carga horária. Os alunos do turno da manhã entram às 7h e saem às 10h20. Segundo a secretaria de Educação, o horário diferenciado não provoca nenhum tipo de prejuízo ao processo de aprendizagem dos alunos. A escola atende alunos do 4º ao 9º ano, além dos participantes do Programa de Educação de Jovens e Adultos.
Atendimento psicológico
Uma equipe do Núcleo Interdisciplinar de Apoio às Escolas (Niap), formada por psicólogos, assistentes sociais e pedagogos, mantém atendimento dentro da escola. Além dos alunos, os pais que procuram orientação também são atendidos. Segundo a secretaria de Educação, o atendimento será mantido na escola permanentemente.
Segurança
Além do sistema de câmeras de vigilância que a escola já dispunha na época do massacre, a Tasso da Silveira possui um porteiro por turno e conta também com um agente educador por andar. A Guarda Municipal também ajuda na segurança da escola.
Tragédia em Realengo
Um homem matou pelo menos 12 estudantes a tiros ao invadir a Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, na manhã do dia 7 de abril de 2011. Wellington Menezes de Oliveira, 24 anos, era ex-aluno da instituição de ensino e se suicidou logo após o atentado. Segundo a polícia, o atirador portava duas armas e utilizava dispositivos para recarregar os revólveres rapidamente. As vítimas tinham entre 12 e 14 anos. Outras 18 ficaram feridas.
Wellington entrou no local alegando ser palestrante. Ele se dirigiu até uma sala de aula e passou a atirar na cabeça de alunos. A ação só foi interrompida com a chegada de um sargento da Polícia Militar, que estava a duas quadras da escola. Ele conseguiu acertar o atirador, que se matou em seguida. Em uma carta encontrada com ele, Wellington pediu perdão a Deus e deixou instruções para o próprio enterro - entre elas que nenhuma pessoa "impura" tocasse seu corpo.
Dias depois, a polícia divulgou fotos e vídeos em que o atirador aparece se preparando para o ataque durante meses. Em um deles, Wellington justificou o massacre por ter sido vítima de "bullying" praticado por "cruéis, covardes, que se aproveitam da bondade, da inocência, da fraqueza de pessoas incapazes de se defenderem". Na casa dele, foram encontradas diversas anotações que mostraram uma fixação pelos ataques de 11 de setembro de 2001. O atirador acabou enterrado como indigente 15 dias após o massacre, já que nenhum familiar foi ao Instituto Médico Legal (IML) liberar o corpo.