Síria: a corrida ao Ouro Negro
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Síria: a corrida ao Ouro Negro


No posicionamento das forças da NATO e na coligação revoltosa ad hoc que a Aliança formou, mas sobretudo segundo o móbil estratégico, o verdadeiro jogo do conflito não é a mudança de regime, mas o fecho da saída mediterrânica para o gás iraniano e o controlo das reservas de gás. As reservas comprovadas de petróleo na Síria somam 2,500 milhões de barris, mas as licenças de exploração estão reservados para as empresas estatais sírias. São as mais importantes reservas de todos os países vizinhos, excepto o Iraque, cuja apropriação já foi tratada desde 2003 do modo que conhecemos.

Um documento do Departamento de Energia dos Estados Unidos, uma organização especialista que trata dos recursos energéticos dos outros (US Energy Information Administration EIA), datado de 20 de Fevereiro de 2013 trouxe à tona os interesses energéticos que levaram os países ocidentais e os membros do Conselho de Cooperação do Golfo a apoiar a revolta armada dos Contras na Síria. O relatório refere-se exclusivamente às reservas de petróleo comprovadas, mas não faz qualquer menção à questão dos enormes campos de gás já descobertos, não explorados, ainda não avaliados e que são muito menos poluentes. Mas existe o tal problema, diz a agência dos EUA: desde 1964, as licenças para a prospecção e exploração das jazidas estão reservados para as empresas estatais sírios. Até 2010, a medida prevista pelo Estado garantiu uma renda anual de 4000 milhões de dólares das exportações de petróleo, principalmente para a Europa.

A guerra veio para mudar esta situação. O "Exército Sírio Livre" (1) assumiu o controlo de grandes campos de petróleo na região de Deir Ezzor. Outros, na área de Rumeilan, estão sob o controle do Partido da União Democrática Curda, que também são hostis aos "rebeldes" e se confrontaram já por várias vezes. A estratégia dos Estados Unidos e da NATO é financiar os "rebeldes" (2) que ajudaram a controlar os campos de petróleo com dois objectivos: privar o Estado Sírio das suas receitas e, reduzindo as exportações devido ao embargo decretado pela União Europeia, preparar um futuro onde as maiores reservas passariam a estar, graças aos "rebeldes", sob o controle das grandes empresas petrolíferas ocidentais. Para isso, é necessário o controlo da rede interna de oleadutos, a rede que os "rebeldes" têm sabotado em vários locais, especialmente em redor de Homs, onde uma das duas refinarias do país se viu obrigada a interromper o fornecimento.

Mas há outra aposta mais importante a nível estratégico (3). É o papel da Síria como um ponto de confluência dos corredores energéticos alternativos em relação àqueles que passam pela Turquia e por outras vias, já controlados por empresas norte-americanas e europeias. A "guerra de oleadutos" começou há muito tempo. Em 2003, aquando da invasão do Iraque, os EUA destruiram imediatamente as ligações de Kirkuk-Baniyas que transportavam petróleo do Iraque para a Síria. Contudo, uma dessas ligações ainda está em funcionamento, a de Zalah Ain, na região síria de Sueida. E apesar da oposição de Washington, Damasco e Bagdade lançaram um projecto conjunto para a construção de dois oleodutos e um gasoduto que vão ligar os campos iraquianos com o Mediterrâneo e, assim, aos mercados externos via Síria. Mais perigoso ainda para os interesses ocidentais é o acordo concluído em Março de 2011 entre Damasco, Bagdade e Teerão. Este acordo prevê a construção de um gasoduto que transportará através do Iraque o gás natural iraniano para a Síria e deste país para os mercados estrangeiros. Esses projectos e outros, que já tinham o financiamento necessário, estão sendo reavaliados por aquilo a que a agência dos EUA define como "as condições de insegurança e instabilidade na Síria".

(1) Revoltosos da Síria apoiados pelo Ocidente procedem a execuções sumárias a quem lute ao lado do governo legalmente instituido



(2) A lista de atrocidades praticadas pela "Revolta Síria" apoiada pela Administração Obama com dinheiro dos contribuintes norte americanos, tornou-se insuportável. Aqui, um revoltoso trinca em directo para a câmara de filmar o coração de um soldado sírio abatido 
(3) Manlio Dinucci da Rede Voltaire no Il Manifesto
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