Triste dialética EDITORIAL Folha
Política

Triste dialética EDITORIAL Folha



FOLHA DE SP - 02/11/11

A cerimônia de posse do novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, do PC do B, deu um novo sentido ao termo "dialética". A julgar pelo tom dos discursos, o afastamento do antigo titular da pasta por suspeitas de corrupção já traz em si sua própria negação, que assume a forma de desagravos e elogios ao ex-ministro e sua sigla.

Se tudo não passou de uma intriga contra Orlando Silva, como sugeriram vários oradores no ato realizado anteontem, a presidente Dilma Rousseff não deveria tê-lo afastado nem dado posse a Rebelo.

Tampouco precisaria suspender os repasses de verba a 2.670 convênios do governo com ONGs -isto é, todas menos as que atuem na saúde, na proteção a testemunhas ou que operem há mais de cinco anos sem irregularidades.

Se a mandatária o fez, é razoável supor que as suspeitas tenham pelo menos alguma base real.

Sendo assim, a manutenção do PC do B à frente da pasta resulta numa "aufhebung" (síntese, superação) inquietante, pois a agremiação vê-se liberada a prosseguir com o aparelhamento do ministério -agora sob "nova" gerência.

Como disse a presidente, "perco um colaborador, mas preservo o apoio de um partido cuja presença no meu governo considero fundamental". Estamos, portanto, ao que tudo indica, diante de uma daquelas mudanças providenciadas para nada mudar.

"Fundamental" para o governo, o PC do B segue em sua saga de equívocos históricos. O partido, como se sabe, foi incapaz de romper com o stalinismo mesmo quando se demonstraram os crimes do ditador, em 1956. Seis anos depois, abraçou um segundo tirano, Mao Tsé-tung, quando este passou a atacar a desestalinização em curso na União Soviética.

Foi sob essa dupla inspiração, acrescida de delírios revolucionários, que o partido se embrenhou na aventura guerrilheira do Araguaia. Quando a China, enfim, começou a livrar-se do fardo maoísta, a partir de 1976, os comunistas do Brasil, preservando o culto a ditadores, esqueceram Pequim para cair nos braços de Enver Hoxha, líder stalinista da Albânia.

Com o fim de Hoxha e do comunismo no mundo real, o PC do B passou a viver de uma aliança predatória com o PT e da ocupação de entidades, como o Ministério do Esporte ou a UNE (União Nacional dos Estudantes), com sua máquina de carteirinhas.

Ou seja, num passo dialético final, trocou Stálin e o que restava de ideologia por migalhas de poder e um punhado de cargos e benesses.



loading...

- Saudações Partidárias Dora Kramer
O Estado de S.Paulo - 02/11/11 A cerimônia de posse de Aldo Rebelo no Ministério do Esporte não foi a primeira a se transformar em ato de desagravo ao demitido, nesse verdadeiro dominó de queda de ministros em série na administração Dilma Rousseff....

- Escândalo Latente Revista Veja
O PCdoB ameaçou revelar os malfeitos do PT no Ministério do Esporte, mas, no fim, entregou Orlando Silva para continuar com a chave do cofre milionário Daniel Pereira Desde junho passado, quando o petista Antonio Palocci foi obrigado a deixar a Casa...

- À Moda Stalinista Roberto Pompeu De Toledo
REVISTA VEJA Pouco antes de jogar a toalha, na semana passada, e entregar a cabeça do ministro do Esporte, Orlando Silva, o PCdoB tentou reinventar seu passado. No programa de propaganda obrigatória que foi ao ar no dia 20, apresentou como emblemas...

- O Primeiro Grande Erro De Dilma Renato Janine Ribeiro
VALOR ECONÔMICO - 31/10/11 Nomeando ministro do Esporte o deputado Aldo Rebelo, artífice da maior derrota do seu governo no Congresso, a presidente Dilma Rousseff comete seu primeiro grande erro. Ela premia a indisciplina, pois deixara clara sua discordância...

- A Maldição De Guadalajara Vinicius Mota
FOLHA DE SP - 17/10/11 São PAULO - Foi-se o tempo em que Guadalajara, a cidade mexicana que abriga os Jogos Pan-Americanos, era sinônimo de sorte para os brasileiros. A sede da campanha vitoriosa da seleção tricampeã do mundo de futebol, em 1970,...



Política








.