Política
Um dia sem ele
Walnize Carvalho
Manhã de segunda.
Sinceramente, só me dei conta que estava sem sua companhia quando percebi a necessidade de dar um bom dia; de falar do sol esplendoroso de mais uma manhã; de anunciar que o bem te vi madrugador pousara mais uma vez na janela do meu quarto e de papear sobre vários assuntos como, por exemplo, o que me levava tão cedo à cidade naquela segunda-feira: mil afezeres programados, que iam desde a ida a Banco, fazer compras no comércio – minhas - e de algum parente (parente sempre nos pede este favorzinho,não é?).
É! Saí sem ele! E sem ele (meu guia) onde encontrar uma amiga para lanchar no shopping a fim de colocar o papo em dia? Como repassar para ela aquelas historinhas da neta pequena e as minhas preocupações com o “ficar” das netas adolescentes?
E lá estava eu, só , meio sem chão, chateada, com vontade até de gritar. E repetia baixinho:- “I-na-cre-di-tá-vel!Como fui deixá-lo para trás! Meu fiel escudeiro, meu mensageiro!”
Olhava à volta e sentia (confesso!) uma pontinha de inveja de quem estava acompanhado: os altos papos, as gargalhadas!...
Tentei acalmar-me, pois com agenda de compromissos tão cheia (o dia talvez não desse para cumpri-la) estaria, distraidamente, ocupada e menos aborrecida com o meu esquecimento.
Mas qual! À primeira parada, para refrescar-me a lembrança do velho amigo bailava em meus olhos. E é, caro leitor, coisa de amizade antiga, fidelidade a toda prova, cumplicidade, sem troca por “novos amores”, novas tecnologias , modismos, aventuras. É coisa de afeição,mesmo!
E lembrar que custei a afeiçoar-me com ele...No começo deixava-o a um canto, não achava necessário levá-lo a cada lugar que fosse! E agora (riam!) sinto saudades dele!?!..
Retornei à casa. Desfiz-me das sacolas e calçados. Dirigi-me ao quarto e o encontrei solitário,esquecido sobre a mesinha de cabeceira:Ele, meu celular.
Ao ver a luzinha piscando sinalizando bateria descarregada cheguei ao desvario poético de pensar que ele me cobrava atenção e...também sentia saudades minhas!
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