O crescimento de 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre do ano, em relação ao segundo, foi incontestavelmente excelente, considerando que o do primeiro trimestre fora de 1,7% e o do segundo, 1,6%. Será certamente o último trimestre com resultado tão confortável, embora contribua para amenizar a queda que se prevê para o final do ano.
Olhando o PIB do ponto de vista da produção, o maior aumento (com ajuste sazonal) foi o da indústria, de 2,6%, enquanto a agropecuária apresentou crescimento de 1,5% e os serviços, de 1,4%. Em valor corrente, registra-se uma queda de 30,5% da agropecuária, crescimento de 12,3% da indústria, de 1,2% dos serviços, de 1,8% do valor adicionado, de 6,1% dos impostos sobre produtos e de 2,4% do PIB.
O mais interessante é analisar os componentes da demanda (com ajuste sazonal). Para um crescimento de 1,8% do PIB, o aumento do consumo das famílias foi de 2,8% (ante 0,4% no trimestre anterior); o do consumo da administração pública foi de 1,5% (ante queda de 0,2% no segundo trimestre); a Formação Bruta de Capital Fixo cresceu 6,7% (5,4% no semestre anterior); a exportação diminuiu 0,6% (antes, aumento de 5,3%); e a importação aumentou 6,3% (antes, 8,6%).
Esse é o quadro de uma economia em que o poder aquisitivo da população aumentou graças à melhora nos empregos e nos salários e a uma expansão significativa do crédito, ao mesmo tempo que o governo se recusava a qualquer política de austeridade, enquanto a indústria investia para atender à demanda interna, mas recorrendo muito à importação, e em que a exportação estava diminuindo.
A poupança bruta, no acumulado do ano, representou 18,2% da Renda Nacional Bruta, e 19,3% no terceiro trimestre. Houve progresso nesse item, mas certamente insuficiente para a economia enfrentar a crise por meio apenas de investimentos públicos.
O fato mais importante é que o terceiro trimestre apresentou uma necessidade de financiamento de R$ 11,4 bilhões (ante R$ 0,4 bilhão no mesmo período de 2007).
Essa deterioração pode ser explicada pela queda de R$ 6,8 bilhões no saldo comercial externo de bens e serviços, e por um aumento de R$ 4,7 bilhões na renda líquida remetida para o exterior. E é um sinal de que a situação cambial poderá piorar nos próximos meses, enquanto o crescimento interno poderá diminuir.
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