FOLHA DE SP - 22/06
A real influência humana nas mudanças que vêm ocorrendo no clima global é algo bastante discutível
Estamos em plena Rio+20, encontro que marca 20 anos da realização da Rio-92, Conferência das Nações Unidas sobre o ambiente.
Além de focar a conservação e a proteção dos ecossistemas da Terra, a Rio-92 foi marcante por introduzir o conceito de que isso somente seria possível aliando o desenvolvimento socioeconômico dentro dos princípios da sustentabilidade, cujos compromissos assumidos pelos países foram incluídos na Agenda 21.
Entre os temas debatidos na Rio-92, aquele que atraiu maior atenção foi a mudança do clima, seus impactos e a discussão sobre possíveis ações mitigadoras prescritas, algo que levou cinco anos mais tarde ao Protocolo de Kyoto.
Nele, foram definidas metas de redução da emissão de gases poluentes que ajudam a provocar o efeito Estufa, contribuindo para o aquecimento global, com destaque para o CO₂ (gás carbônico) fruto da queima de combustíveis fósseis.
É incontestável que o planeta se encontra em processo de aquecimento, mas a real influência humana nas mudanças que vêm ocorrendo no clima global é algo discutível.
Há uma clara divisão de opiniões sobre o tema: existe um grupo de cientistas que acredita que o comportamento da humanidade nos coloca a caminho de grandes desastres, enquanto outros defendem que o aquecimento global que estamos vivenciando é apenas parte de um processo cíclico que vem ocorrendo na face da Terra ao longo dos últimos milhares de anos.
Os impactos causados pelo lançamento de compostos de carbono de origem humana na atmosfera afetariam apenas os locais em que eles se situam, ou, no máximo, o seu entorno, sem nenhuma expressão em termos de abrangência global.
Toda a energia consumida pela humanidade por dia equivale a sete milésimos da que o nosso planeta recebe do Sol no mesmo período.
Em recente carta enviada à Presidência da República, um grupo de renomados cientistas brasileiros de algumas das mais importantes instituições do país (como USP, UFRJ, Inpe, ITA, Unesp e CPRM), formado por geólogos, geógrafos, físicos, meteorologistas, engenheiros e ambientalistas, defenderam essa visão de forma clara e objetiva.
Considerando somente o período dos últimos 20 mil anos, ou seja, a partir do início do degelo da última glaciação, as evidências geológicas demonstram ter havido períodos em que as variações de temperatura e do nível do mar foram várias vezes maiores que no período de 1850 a 2000, pós-Revolução Industrial, quando a temperatura subiu 0,74ºC (grau centígrado) e o mar subiu 20 centímetros.
Entre os diversos exemplos citados no documento está o de que entre 6.000 e 5.000 anos atrás as temperaturas médias chegaram a ser de 2ºC a 3ºC superiores, enquanto o nível do mar atingiu três metros acima do atual. Entre 12,9 mil e 11,6 mil anos atrás, as temperaturas caíram cerca de 8ºC em menos de 50 anos e, ao término deles, voltaram a subir na mesma proporção, em pouco mais de meio século.
Quanto ao nível do mar, ele subiu cerca de 120 metros entre 18.000 e 6.000 anos atrás, o que equivale a um metro por século.
Portanto, as variações observadas no período da industrialização estariam com folga dentro da faixa de oscilações naturais do clima, não podendo elas serem atribuídas ao uso de combustíveis fósseis.
A "descarbonização" da economia seria desnecessária e contraproducente por buscar uma pseudossolução para um problema inexistente, já que, além de não implicar nenhum efeito palpável sobre o clima, levaria ao encarecimento das tarifas de energia pelo uso de outras fontes alternativas mais caras ou subsidiadas, cujos recursos poderiam ser mais bem direcionados.
Dessa forma, a humanidade, que hoje detém um enorme acervo de conhecimentos e recursos técnicos e humanos, deveria deixar de lado o alarmismo climático e dirigir seu foco para viabilizar de forma sustentável a universalização de melhores níveis de bem-estar por meio de obras de infraestrutura de água, saneamento, transportes, comunicação, serviços de educação e saúde e prover eletricidade a mais de 1,5 bilhão de pessoas hoje desassistidas.