Pablo Jacob/Ag. O Globo |
O Rio em chamas é agora uma questão planetária. Quem ganha o direito |
A cidade que, há três semanas, encantou a todos com uma emocionante, correta e vitoriosa candidatura para sediar a Olimpíada de 2016 voltou às manchetes do noticiário internacional. Desta vez o Rio de Janeiro deu um susto. A revista Time resumiu a perplexidade geral fazendo uma pergunta simples, sem rodeios e que não comporta meias respostas: "O Rio conseguirá vencer o crime antes da Olimpíada?". Sim ou não – é o que o mundo quer saber e tem o direito de cobrar. Afinal, o Rio de Janeiro conseguiu a indicação para sediar os Jogos Olímpicos desbancando Chicago, Tóquio e Madri, cidades longe da perfeição, mas onde os criminosos não dispõem de baterias antiaéreas para abater os helicópteros da polícia.
O tempo voa |
Quem ganha o direito de sediar uma Olimpíada tem o dever de prestar contas ao mundo. Sobre o Rio de Janeiro abre-se agora uma claraboia pela qual olhos curiosos dos cinco continentes vão espiar o progresso da organização dos Jogos. Na semana passada, o que se viu através dela foi o palco de uma guerra urbana assustadora em sua plasticidade e ferocidade. Um combate em que, como escreveu o inglês Mirror, "bandidos derrubaram um helicóptero a cerca de 2 milhas do Maracanã, estádio que abrigará a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos".
José Mariano Beltrame, secretário de Segurança do Rio de Janeiro, comparou o fogo antiaéreo dos bandidos cariocas aos atentados terroristas contra os Estados Unidos em 11 de setembro de 2001. Será um grande passo se essa declaração significar que os bandidos vão perder seus santuários urbanos onde o estado não entra e eles mantêm milhares de trabalhadores como reféns. Uma reportagem especial de VEJA mostra que, para desânimo de quem torce por um empuxo civilizatório no Rio e no Brasil com a vinda dos Jogos, as verdadeiras raízes do crime organizado foram mais uma vez varridas para debaixo do tapete. A reportagem toca justamente nesses pontos sensíveis e expõe quinze verdades incômodas sobre o crime no Rio de Janeiro a respeito das quais calar-se tem sido a regra. Não dá mais. O mundo todo está de olho.