Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
Para quem quer entender como funciona a mídia.
Li Kwong Kwen foi preso, em 2010. A Polícia Federal apurou que ele, conhecido como Paulo Li, era chefe de uma máfia chinesa que promovia contrabando de celulares falsificados procedentes da China. A quadrilha também intermediava vistos de permanência no Brasil para imigrantes chineses em situação irregular.
Gravações mostraram conversas comprometedoras de Li com o então secretário nacional da Justiça, Romeu Tuma Jr. Nas conversas, Tuma Jr chegou a fazer encomendas a Li.
Era uma relação tão próxima que, quando foi preso, Li telefonou para Tuma Jr na frente dos agentes da Polícia Federal.
Coisas do Brasil da governabilidade: Tuma Jr chegou à Secretaria Nacional de Justiça numa negociação para que o partido de seu pai, Romeu Tuma, aderisse à base aliada do governo Lula.
Para encurtar, Tuma Jr acabaria demitido.
Três anos depois, ele aparece com um livro no qual, segundo a Veja, existem revelações “estarrecedoras”. Repare: não são “acusações”. São “revelações”.
Você pode imaginar quais são os alvos da vingança de Tuma Jr. Ou melhor: o alvo. Lula, Lula e ainda Lula.
Como age a mídia nestes casos, além de tratar acusações como revelações? Esquecendo, por exemplo, de dizer quem é o acusador e o que está por trás de suas acusações.
Fiz uma breve pesquisa e fui dar num artigo do jornalista Carlos Brickman de alguns meses atrás, publicado no Observatório da Imprensa, de Alberto Dines.
Brickman falava do livro, que estava por sair. Já no título o veredito de Brickman estava manifestado: “Um livro fura a imprensa”. Quer dizer: se fura é porque é sério, profundo, embasado.
Li duas vezes o texto de Brickman em busca de alguma informação que me ajudasse a entender quem é Tuma Jr, e o que estava por trás de suas acusações.
Nada.
Repito: nada.
Não há uma única menção às relações de Tuma Jr com a máfia chinesa, e sua consequente demissão.
De Brickman vou ao site da Veja. Topo com Reinaldo Azevedo. Em negrito, ele inicia assim seu artigo:
“O LIVRO-BOMBA – Tuma Jr. revela os detalhes do estado policial petista.”
Enfrentei o texto copioso de Azevedo. Como em Brickman, nem uma única menção ao passado de Tuma Jr. Ao pobre leitor são negadas informações essenciais se você quer cobrir com decência um caso de decnúncia.
Vejo que Tuma Jr, numa de suas mais estridentes acusações – ou “revelações” –, invoca o pai morto.
Quer dizer: o “documento” que ele apresenta no caso é a palavra, aspas, do pai morto.
Isto diz tudo.
Quanto a mim, aguardo um livro-bomba de Carlinhos Cachoeira com revelações devastadoras sobre Lula, e rio sozinho ao imaginar o aproveitamento que a Veja dará a isso.
Para quem quer entender como funciona a mídia.
Li Kwong Kwen foi preso, em 2010. A Polícia Federal apurou que ele, conhecido como Paulo Li, era chefe de uma máfia chinesa que promovia contrabando de celulares falsificados procedentes da China. A quadrilha também intermediava vistos de permanência no Brasil para imigrantes chineses em situação irregular.
Gravações mostraram conversas comprometedoras de Li com o então secretário nacional da Justiça, Romeu Tuma Jr. Nas conversas, Tuma Jr chegou a fazer encomendas a Li.
Era uma relação tão próxima que, quando foi preso, Li telefonou para Tuma Jr na frente dos agentes da Polícia Federal.
Coisas do Brasil da governabilidade: Tuma Jr chegou à Secretaria Nacional de Justiça numa negociação para que o partido de seu pai, Romeu Tuma, aderisse à base aliada do governo Lula.
Para encurtar, Tuma Jr acabaria demitido.
Três anos depois, ele aparece com um livro no qual, segundo a Veja, existem revelações “estarrecedoras”. Repare: não são “acusações”. São “revelações”.
Você pode imaginar quais são os alvos da vingança de Tuma Jr. Ou melhor: o alvo. Lula, Lula e ainda Lula.
Como age a mídia nestes casos, além de tratar acusações como revelações? Esquecendo, por exemplo, de dizer quem é o acusador e o que está por trás de suas acusações.
Fiz uma breve pesquisa e fui dar num artigo do jornalista Carlos Brickman de alguns meses atrás, publicado no Observatório da Imprensa, de Alberto Dines.
Brickman falava do livro, que estava por sair. Já no título o veredito de Brickman estava manifestado: “Um livro fura a imprensa”. Quer dizer: se fura é porque é sério, profundo, embasado.
Li duas vezes o texto de Brickman em busca de alguma informação que me ajudasse a entender quem é Tuma Jr, e o que estava por trás de suas acusações.
Nada.
Repito: nada.
Não há uma única menção às relações de Tuma Jr com a máfia chinesa, e sua consequente demissão.
De Brickman vou ao site da Veja. Topo com Reinaldo Azevedo. Em negrito, ele inicia assim seu artigo:
“O LIVRO-BOMBA – Tuma Jr. revela os detalhes do estado policial petista.”
Enfrentei o texto copioso de Azevedo. Como em Brickman, nem uma única menção ao passado de Tuma Jr. Ao pobre leitor são negadas informações essenciais se você quer cobrir com decência um caso de decnúncia.
Vejo que Tuma Jr, numa de suas mais estridentes acusações – ou “revelações” –, invoca o pai morto.
Quer dizer: o “documento” que ele apresenta no caso é a palavra, aspas, do pai morto.
Isto diz tudo.
Quanto a mim, aguardo um livro-bomba de Carlinhos Cachoeira com revelações devastadoras sobre Lula, e rio sozinho ao imaginar o aproveitamento que a Veja dará a isso.