Caríssimos leitores de Olhos do Sertaõ
Reproduzo aqui  para reflexões para vocês sobre o saudosismo do regime militar pela Folha de Saõ Paulo do portal Vermelho 
Façam boa leitura e boas reflexões. 
20 DE FEVEREIRO DE 2009 - 21h56
Em rompante de nostalgia, Folha saúda o regime militar 
 Faz quase um ano que o jornalista Paulo Henrique Amorim desafia a Folha  de S.Paulo a “tirar os cães de guarda do armário e confessar que foi ‘Cão  de Guarda’ do regime militar” brasileiro. A julgar pelos fatos da semana,  pode-se dizer o jornal da família Frias nunca esteve tão próximo da  confissão.
Por André Cintra
A nostalgia da Folha começou a se evidenciar num editorial de 425  palavras sobre o presidente venezuelano, Hugo Chávez. O texto, publicado na  última terça-feira (17), chega a comparar a Revolução Bolivariana na Venezuela e  a ditadura brasileira. Diz o jornal: “Em dez anos de poder, Hugo Chávez  submeteu, pouco a pouco, o Legislativo e o Judiciário aos desígnios da  Presidência. Fechou o círculo de mando ao impor-se à PDVSA, a gigante estatal do  petróleo”. Em meio a essas teorizações enviesadas, o editorial não esconde a opinião da  Folha e sua larga simpatia pelo regime militar brasileiro: “As chamadas  ‘ditabrandas’ — caso do Brasil entre 1964 e 1985 — partiam de uma ruptura  institucional e depois preservavam ou instituíam formas controladas de disputa  política e acesso à Justiça”.
 É muito curioso que a Folha destaque tais “formas controladas de  disputa política” justamente em contraste com Chávez — o único presidente do  mundo que chamou seu povo às urnas nada menos que 15 vezes nos últimos dez anos,  em eleições, referendos e plebiscitos. Quando foi que os brasileiros puderam  exercer esse direito durante os 21 anos de regime militar? A Folha  seria capaz de lembrar uma única experiência do gênero?
De forma cristalina, o editorial de terça-feira alardeia que Chávez — ou  melhor, “o caudilho venezuelano”, com seu “rolo compressor do bonapartismo” —  tem muito a aprender com os generais-presidentes do Brasil. Aprender o quê? A  cassar direitos de lideranças políticas e sociais à moda Castello Branco? A  levar para a Venezuela a experiência do AI-5 — “forma controlada” de “acesso à  Justiça” no Brasil de Costa e Silva e Médici? A seguir o exemplo da dupla  Geisel-Figueiredo e falar em distensão do regime, em abertura “lenta, gradual e  segura” — mas ainda promover mais mártires como Vladimir Herzog, novas chacinas  como a da Lapa e outros atentados como os do Riocentro?
 Repercussão à altura
Cartas e e-mails de repúdio à Folha choveram a cântaros após a  publicação do editorial. Um dos leitores mais indignados era Sergio Pinheiro  Lopes, que classificou a opinião da Folha como “lamentável, mas  profundamente lamentável mesmo, especialmente para quem viveu e enterrou seus  mortos naqueles anos de chumbo. É um tapa na cara da história da nação e uma  vergonha para este diário”.
 As ponderações essenciais do leitor não foram suficientes para dissuadir a  Folha. Uma “nota da redação” do jornal enunciava: “Na comparação com  outros regimes instalados na região no período, a ditadura brasileira apresentou  níveis baixos de violência política e institucional”. Para a Folha,  ditadura só é ditadura pra valer se estiver na ponta do ranking do  totalitarismo e empilhar mortos aos milhares. Como se antevisse a resposta do  jornal, Sergio fez em sua carta um questionamento inapelável: “Quantos mortos,  quantos desaparecidos e quantos expatriados são necessários para uma  ‘ditabranda’ ser chamada de ditadura?”.
 Dois intelectuais de respeito — os professores universitários Fábio Konder  Comparato (aposentado) e Maria Victoria de Mesquita Benevides, da USP — saíram  em defesa das vítimas da ditadura esculhambadas pelo editorial da  Folha. “Mas o que é isso? Que infâmia é essa de chamar os anos  terríveis da repressão de ‘ditabranda’? Quando se trata de violação de direitos  humanos, a medida é uma só: a dignidade de cada um e de todos, sem comparar  “importâncias” e estatísticas”, escreveu Maria Benevides. “Pelo mesmo critério  do editorial da Folha, poderíamos dizer que a escravidão no Brasil foi  ‘doce’ se comparada com a de outros países, porque aqui a casa-grande  estabelecia laços íntimos com a senzala — que horror!”.
 Já Comparato, ao sustentar que “o leitor Sergio Pinheiro Lopes tem carradas  de razão”, cobrou a Folha: “O autor do vergonhoso editorial de 17 de  fevereiro, bem como o diretor que o aprovou, deveriam ser condenados a ficar de  joelhos em praça pública e pedir perdão ao povo brasileiro, cuja dignidade foi  descaradamente enxovalhada. Podemos brincar com tudo, menos com o respeito  devido à pessoa humana”.
Como a Folha está convicta das benesses da ditadura brasileira e não  reconhece discordâncias, o jeito foi desqualificar seus missivistas: “Quanto aos  professores Comparato e Benevides, figuras públicas que até hoje não expressaram  repúdio a ditaduras de esquerda, como aquela ainda vigente em Cuba, sua  ‘indignação’ é obviamente cínica e mentirosa”.
A arrogância da Folha segue rendendo contestações, como a do  professor Caio Toledo, que escreveu a seus colegas de Unicamp. O texto de  Toledo tacha de “repulsivas e agressivas” as “posições editoriais de  Folha” e se solidariza com Maria Benevides e Comparato. “O jornal, sem  argumentos e razões, agride a atuação pública destes dois combativos  intelectuais por meio de uma leviana ‘nota de redação’. Diante de todas estas  agressões ao pensamento democrático, cartas de protesto ao jornal e o  cancelamento da assinatura não seriam as respostas mais consequentes?”.
Em entrevista ao Comunique-se, o presidente da Associação Brasileira  de Imprensa (ABI), Maurício Azêdo, não poupou a Folha. “É lamentável  que se proceda a uma revisão histórica dessa natureza. O que era negativo passa  a ser positivo, dando absolvição àqueles que violaram os direitos  constitucionais e cometeram crimes, como o assassinato do jornalista Vladimir  Herzog nos porões do Doi-Codi”, afirma Azedo. “Dizer que houve acesso à Justiça  é uma falsidade de caráter histórico que deveria causar vergonha à Folha de  S. Paulo.”
 Um veículo pró-regime
Não é de estranhar a defesa que a família Frias faz dos militares. Octavio  Frias de Oliveira (1912-2007), o patriarca do clã, adquiriu em 1962 a Folha  de S.Paulo — um jornal enforcado em dívidas, que demorou cerca de 15 anos  para se tornar um investimento rentável. Uma das razões pelas quais a  Folha se salvou financeiramente foi o laço íntimo com todos os  generais-presidentes da ditadura.
Numa de suas raríssimas entrevistas, concedida em 2003, Frias-pai comentou  sobre esses relacionamentos com o poder — e mentiu. “Eu sempre me mantive  afastado do poder. Para ser independente você tem que estar um pouco distante  porque senão entra numa situação moral difícil”, disse o ex-publisher da  Folha. “Não tenho histórias para contar a este respeito porque sempre  procurei manter uma distância entre a posição do jornal, a minha pessoal e os  dirigentes do país”.
Mais adiante, na mesma entrevista, Frias se contradiz: “Na época da ditadura,  acho que no governo Médici, o chefe da Casa Militar, com quem eu tinha certa  relação, não me lembro o nome dele, me telefona e diz: ‘Ô Frias aqui quem fala  não é o seu amigo não, é o chefe da Casa Militar Ou você muda esse jornal aí ou  nós vamos fechar’. Eu mudei”. 
O relato de Frias, ainda assim, não entrega tudo o que a Folha fez  na conta do regime, como o odioso empréstimo de peruas C-14 do jornal ao  DOI-Codi, para o transporte de presos políticos rumo ao encarceramento, à  tortura e, não raro, à morte na Operação Bandeirantes (Oban). Na época,  manifestantes chegaram a queimar veículos da Folha em protesto contra a  morte de seus companheiros de luta.
No livro Cães de Guarda — Jornalistas e Censores do AI-5 à Constituição  de 1988, Beatriz Kushnir dá mais detalhes da promiscuidade. A Folha da  Tarde, especialmente, contou com uma matilha de jornalistas  colaboracionistas — os “cães de guarda” — e era conhecido como “o jornal de  maior tiragem” — ou seja, com mais tiras na redação.
No combate aos “subversivos”, a FT se antecipava ao regime e fazia o  papel de porta-voz. Chegou a divulgar a morte do metalúrgico Joaquim Seixas, o  Roque, antes mesmo de ele ser assassinado nos porões da ditadura — mas sonegou  informações sobre a prisão de Frei Betto (como o fato de o frade ser repórter do  jornal) e não noticiou a heróica missa ecumênica a Vladimir Herzog na Catedral  da Sé. 
Frias-pai não está mais vivo, mas dois de seus filhos continuam à frente da  Folha de S.Paulo — Luís Frias como presidente do grupo Folha e Otavio  Frias Filho, o Otavinho, como diretor de redação do jornal. Parece caber a eles,  de forma progressiva, restabelecer e edulcorar as mais sombrias memórias da  família Frias e da Folha. Memórias de um tempo em que a concessão da  “ditabranda” era garantida aos fantoches das elites e da grande mídia — não ao  Brasil, nem aos brasileiros.
  
loading...
	
Ivan Seixas tinha 16 anos quando foi preso pela ditadura, ao lado do pai, Joaquim Alencar de Seixas. No dia 16 de abril de 1971, os dois foram levados para o DOI-CODI/OBAN, em São Paulo, e barbaramente torturados. Ivan ficou indignado quando leu o editorial... 
   E ai, você já se questionou a origem da corrupção? Veja excelente post pescado no blog do Viomundo. “Como mostrar a origem da corrupção se a oligarquia controla a mídia?” - Viomundo                                 	         	  Por Luiz... 
Por Rodrigo Viana -  Esgoto corre nas páginas da "Folha": jornal da "ditabranda" mostra como será campanha de 2010 A "Folha" levou 18 anos para publicar a história sobre o filho que FHC teve com uma jornalista da Globo, enquanto estava casado... 
                        Serra com cão de guarda da Veja - Reinaldo VAmos participação desta manifestação de cidadania e em defesa da DEMOCRACIA. VAmos ao Protesto contra ditabranda A parceria FOLHA, SERRA, GLOBO quer destruir a democracia neste país.... 
Caríssimos leitores,  O Blog Náufrago da Utopia  apresenta um bela reflexão da atuação da mídia na cena política brasileira. Esta mídia que rasgou o véu da hipocrisia e revelou de fato os seus interesses partidários e suas idéias conservadoras....