Política
Zapatero: a missa de corpo "ausente"
Depois do estrondoso sucesso de “A Cidade de Deus” do brasileiro Fernando Meirelles está em exibição uma remake pechisbeque,,, uma co-produção Holywood - Cinecittá do Vaticano, do mesmo script, que conjuntamente com a tecla “pobreza”, e como paliativo para essa fatalidade (“pobres sempre os tereis entre vós”, como disse o outro) apela para o consumo globalizante da fé: “A Cidade do Papa”A propósito da visita de Bento16 (
popularmente conhecido por Mefisto XVI) a Valência, (ExPanha, pós a emancipação autonómica das regiões) não há cão nem gato que não saia a terreiro por via do grande escândalo que foi “
a não presença” do chefe do governo “socialista” espanhol Luiz Zapatero na missa dada pelo Papa. Ontem foi a vez de Vital Moreira, citando um porta-voz do papado escrever: “nem os piores anti-cristos deste mundo ousaram semelhante ultraje”, e hoje de Joaquim Fidalgo (ambos no Publico) que, embora concordando com a ideia da separação da Igreja do Estado inaugurada pela velha de 350 anos “pax” do Tratado de Westefalia (1648), não deixam de ir dando ferroadas em quem vá tentando cumprir esse desígnio.”Quando fomos à Nicarágua, Daniel Ortega foi à missa. Em Varsóvia, durante o período “comunista”, Wojciech Jaruzelski fez o mesmo.
Até na visita papal a Cuba, Fidel não se esquivou à missa” – frase que, verrinosamente para uso de gente de pouco rigor, foi puxada a titulo do artigo. “Eu já não me lembro da história de Fidel Castro mas, a ser assim, acho que foi ele – e não Zapatero – quem procedeu mal. Que é que Fidel Castro, um conhecido e assumido ateu, foi fazer à missa?” rematou Fidalgo. Deduz-se que Zapatero tenha procedido bem,
e isto não disse Fidalgo, porque em simultâneo com a visita do Papa,,,
Zapatero, como “socialista” em tarefa muito mais útil, estava numa reunião da NATO.Acontece que, no final da visita a Cuba em 25 de Janeiro de 1998, e disso eu recordo-me lindamente, quem foi à missa e saiu de lá abençoado por Fidel foi o Papa, que ouviu isto:
“
Por el honor de su visita, por todas sus expresiones de afecto a los cubanos, por todas sus palabras, aun aquellas con las cuales pueda estar en desacuerdo, en nombre de todo el pueblo de Cuba, Santidad, le doy las gracias”
Fidel Castro Ruz
Como antes, no discurso da chegada do Papa ao aeroporto José Marti, em 21 de Janeiro, tinha ouvido isto - “Cuba não conhece o medo; Despreza a mentira; Escuta com respeito; Crê nas suas ideias; Defende inamovível os seus princípios; E não tem nada que ocultar ao mundo”. Os discursos estão editados em castelhano num pequeno opúsculo, de que se deixa aqui o fac-simile e os links para leitura integral que, como sempre se espera de Fidel Castro, são peças notáveis na desmistificação das mentiras sobre Cuba. Segue-se a tradução de alguns excertos mais significativos:
“A calúnia tem sido muitas vezes na história a grande justificadora dos piores crimes contra os povos”discurso de boas vindas ao Papa João Paulo II: Santidade,
A terra que “Usted” acaba de beijar se honra com a sua presença. Não encontrará aquí aqueles pacíficos e bondosos habitantes naturais que a povoavam quando os primeiros europeus chegaram a esta ilha. Os homens foram exterminados quase todos pela exploração e pelo trabalho escravo a que não puderam resistir; as mulheres, convertidas em objecto de prazer ou em escravas domésticas. Houve também os que morreram debaixo do fio das espadas homicidas, ou vítimas de doenças desconhecidas importadas pelos conquistadores. Alguns sacerdotes deixaram testemunhos desgarrados dos seus protestos contra tais crimes. Ao longo de séculos, mais de um milhão de africanos cruelmente arrancados das suas longínquas terras ocuparam o lugar dos escravos índios entretanto extintos. Eles deram um considerável contributo na composição étnica e às origens da actual população do nosso país, onde mesclaram a sua cultura, as crenças e o sangue de todos os que participaram nesta dramática história. A conquista e colonização de todo o hemisfério estama-se que custou a vida a 70 milhões de índios e a escravização de 12 milhões de africanos. Foi muito o sangue derramado e muitas as injustiças cometidas, grande parte das quais, debaixo de outras formas de dominação e exploração, que depois de séculos de sacrifícios e de lutas, ainda perduram.
Cuba, em condições extremamente difíceis, logrou constituir uma nação. Lutou sozinha com heroísmo insuperável ela sua independência. Sofreu por ela faz exactamente100 anos de um verdadeiro holocausto nos campos de concentração, onde morreu uma parte considerável da sua população, fundamentalmente mulheres, velhos e crianças; um crime dos colonialistas, que nem por estar esquecido na consciência da humanidade deixou de ser monstruoso. “Usted”, filho da Polónia e testemunha de Auschwitz pode-o compreender melhor que ninguém. Hoje, Santidade, de novo se tenta o genocídio, pretendendo fazer render pela fome, doença e asfixia económica total, um povo que se nega submeter-se aos ditames do Império da mais poderosa potência económica, politica e militar da história, muito mais poderosa que a antiga Roma, que durante séculos fez devorar pelas feras todos que negavam renegar a sua fé. Como aqueles cristãos atrozmente caluniados para justificar os crimes, nós próprios cubanos, tão caluniados como eles, preferiremos mil vezes a morte antes a renunciar às nossas convicções. Como a Igreja, a Revolução tem também muitos mártires".
Ler discurso completo, aqui -
www.granma.cu/espanolDiscurso de despedida ao Papa JP2 em 25 de Janeiro de 1998
Santidade:
“Creio que demos um bom exemplo ao mundo: “Usted”, visitando o que alguns consideram o ultimo bastião do comunismo; nós, recebendo o chefe religioso a quem quiseram atribuir a responsabilidade de haver destruído o socialismo na Europa. Não faltaram os que pressagiaram acontecimentos apocalípticos. Alguns, inclusivamente sonharam com isso.
Era cruelmente injusto que a sua viajem pastoral fosse asociada à mesquinha esperança de destruir os nobres objectivos e a independência de um pequeno país bloqueado e submetido a uma verdaira guerra económica vai faz mais de 40 anos. Cuba, Santidade, enfrenta hoje a mais poderosa potência da história; como um novo David, mil ezes mais pequeno, que com a mesma vontade dos tempos bíblicos, luta para sobreviver contra um gigantesco Golias da era nuclear que trata de impedir o nosso desenvolvimento e fazer-nos render pelas doenças e pela fome. Se aquela história não tivesse sido então escrita, teríamos de a escrever hoje. Este crime monstruoso não pode passar em claro, nem admitye desculpas. Santidade:
Quantas vezes escuto ou leio calúnias contra a minha pátria e o meu povo, urdidas por aqueles que adoram outro Deus, que é o Ouro, recordo sempre os cristãos da antiga Roma, tão atrozmente caluniados, como já o expressei no dia da sua chegada, e que a calúnia tem sido muitas vezes na história a grande justificadora dos piores crimes cometidos contra os povos”.
Ler discurso completo, aqui:
www.granma.cu/espanolo Papa ouviu, agradeceu e zarpou, nestes termos:
“Al dejar esta amada tierra, llevo conmigo un recuerdo imborrable de estos días y una gran confianza en el futuro de su Patria”
Juan Pablo II
Ler discurso integral do Papa ao povo cubano, aqui -
www.granma.cu/espanolComo se vê, existe matéria de facto, depois de lida atentamente, para os Media não manipularem a opinião pública com dichotes de comentadores que deveriam ser exemplos de isenção. Mas os objectivos, como abaixo se constatará, são outros, que nada têm a ver com a ética.
“
Porque nada há encoberto, que não se possa descobrir; nem oculto, que não possa vir a saber-se”.
(S. Lucas 12.2)
Uma guerra anunciada * Esta repetição do santo nome de Fidel, martelada exaustivamente na imprensa corporativa, não acontece por acaso. Acontece concertada com a
ofensiva lançada pela Administração Busheca para a anexação de Cuba. A senhorita
Rice, uma proeminente
fundamentalista evangélica anunciou há poucos dias a disponibilização de
mais 80 mil milhões de dólares para ajudar a implantar a “democracia” na ilha – eles, uns
miseráveis racistas que não têm vergonha na cara pela não reconstrução de New Orleans para os desgraçados "coloured" que foram desalojados pelo furacão
Katrina. Endurecendo a sua guerra de 40 anos contra Cuba, Washington adverte ainda que impedirá outros países de apoiar a vigência do sistema revolucionário na ilha de Fidel. A velha prostituta
Europa, de cócoras como habitualmente apoia subservientemente – e até já há agências de viagens espanholas subsidiadas pelo Estado para
oferecerem viagens turísticas a quem se prestar a transportar propaganda neocolonialista.
* "
O Plano Bush de Assistência a uma Cuba Livre": Crónica de uma guerra anunciada - Um artígo de Ricardo Alarcón, presidente do Parlamento cubano:
Em 20 de Maio de 2004, com pompa e fanfarra, George W. Bush anunciou o seu Plano para a anexação de Cuba. O interminável "
engendro" - mais de 450 páginas - provocou uma avalanche de críticas provenientes de todas as partes.
Ler mais, aqui:
www.insurgente.org/* Recorde-se que
Cuba foi eleita por 135 paises para a "Comissão de Direitos Humanos" da ONU, ao contrário da candidatura de Portugal, que não foi admitida, facto que passou ao lado da nossa (des)informação
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