FOLHA DE SP - 03/01
BRASÍLIA - Ao pressionar Eduardo Campos para se descolar da reeleição de Alckmin em São Paulo, Marina Silva favorece diretamente o PT no principal Estado do país.
Alckmin não terá vida fácil na campanha, porque pode ter a máquina, a caneta e a exibição de quem concorre no cargo, mas neutraliza parte dessa vantagem com o desgaste natural de quase 20 anos dos tucanos no poder e de sucessivas trombadas: Alstom, Siemens e a onda de violência que assola o país e ganha particular visibilidade em São Paulo.
Caso confirmado o fim da aliança com o PSB, Alckmin não só perde uma legenda como ganha um adversário a mais --e alavancado pela candidatura de Campos à Presidência. Estão na mesa os nomes da deputada e ex-prefeira Luiza Erundina, do PSB, e do vereador Ricardo Young, filiado ao PPS e militante da Rede.
A eles se somam Paulo Skaf, do PMDB e do "partido Fiesp", e talvez Eduardo Jorge, do PV, diluindo as candidaturas e facilitando o segundo turno, muito provavelmente entre Alckmin e o atual ministro da Saúde, Alexandre Padilha, do PT.
Depois das eleições de Dilma a presidente e de Fernando Haddad a prefeito paulistano, não resta muita dúvida quanto à força natural de Padilha em outubro. Ele tem o mito Lula, o palanque de Dilma, a estrutura e o caixa poderoso do PT. Além de ter a boa bandeira do "Mais Médicos" e ser, em si, um bom candidato.
É assim que o PT entra 2014 com Dilma favorita e o partido a caminho de 16 anos na Presidência; já dominando a principal capital; com reais chances no Estado mais importante; e com candidatos competitivos em Minas e no Rio, fechando o "triângulo das Bermudas" da política nacional. Sem contar que tende a aumentar as bancadas no Congresso, espremendo a maioria do até agora aliado PMDB.
Isso tudo com a economia devagar e Haddad quase parando. Imagine se a economia e o prefeito deslancham? Antes, ninguém segurava este país. Agora, ninguém segura o PT?