Cenário para a ação de Obama
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Cenário para a ação de Obama


Se ainda faltasse uma previsão de raios e tempestades para a economia americana em 2009, e para o resto do mundo, em consequência, essa falta teria sido suprida pela ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed, o banco central dos Estados Unidos, realizada em dezembro. O presidente eleito Barack Obama não precisaria de outra justificativa para o pacote de incentivos em preparação por seus assessores econômicos, para apresentação ao Congresso logo depois da posse. Tem-se falado num plano de US$ 775 bilhões, destinado em boa parte a estimular o consumo, mas o valor final ainda está em discussão, segundo Obama informou nesta terça-feira.

O Fomc, responsável pelas decisões de política monetária, reduziu os juros básicos em dezembro para a faixa entre zero e 0,25%, em mais um esforço para facilitar o crédito e reanimar a economia. A ata de sua última reunião contém um resumo dos principais fatos econômicos no trimestre final de 2008 e uma avaliação das perspectivas para este ano. Todos os números confirmaram a piora do cenário entre outubro e dezembro e todas as principais informações apontam para uma fase de baixa atividade e muito desemprego nos próximos meses.

"Nas previsões preparadas para esta reunião, o pessoal técnico rebaixou fortemente sua projeção para a atividade econômica em 2009, mas manteve a perspectiva de uma recuperação moderada em 2010", segundo o relatório. O PIB deve cair no primeiro semestre deste ano "muito mais abruptamente do que se previa anteriormente".

Alguma reação deve começar na segunda metade do ano, quando começarem os efeitos esperados da política monetária mais expansionista e dos estímulos fiscais. Ao mesmo tempo, a inflação deverá cair, derrubada pelas mudanças nos preços da energia, das matérias-primas e dos produtos importados. Combinados todos esses fatores, os juros ficarão em níveis "excepcionalmente baixos" por algum tempo, segundo a ata.

Nesse quadro, a prioridade imediata do novo governo só pode ser a reativação da economia, sem maior preocupação com o risco de pressões inflacionárias. O pacote de estímulos do próximo governo ainda não está pronto, mas o presidente eleito já negocia detalhes com os congressistas e pede aos parlamentares uma rápida aprovação das novas medidas fiscais.

Também não há dúvida quanto à importância de ações fiscais para a reativação da economia. A redução dos juros para níveis próximos de zero pode ser ineficaz, se consumidores e empresários não sentirem suficiente segurança para tomar empréstimos, ir às compras e investir na produção. O governo pode dar o impulso inicial, devolvendo impostos aos cidadãos e aumentando o investimento em projetos públicos. O plano de Obama inclui as duas possibilidades, mas entre republicanos há alguma resistência à segunda (identificada, segundo conservadores, com a política do governo gastador).

Na melhor hipótese, os estímulos fiscais e a política monetária expansionista serão suficientes para repor a economia americana em movimento dentro de alguns meses. Isso confirmaria a previsão contida na ata da reunião do Fomc. Mesmo nesse caso o quadro internacional continuará desfavorável, porque a recessão se estende também pela União Europeia e pelo Japão. Mas, de toda forma, a recuperação terá começado.

Se esses prognósticos se confirmarem, ainda haverá um enorme problema na agenda econômica do governo americano. O Escritório de Orçamento do Congresso dos Estados Unidos estima para o ano fiscal de 2009, iniciado em 1º de outubro do ano passado, um déficit de US$ 1,186 trilhão, bem mais que o dobro do registrado no exercício anterior (US$ 455 bilhões). A atual previsão para o buraco fiscal de 2010, US$ 703 bilhões, pode ser muito otimista. Segundo Obama, déficits na casa do trilhão de dólares "serão uma realidade pelos anos à frente".

Se isso se confirmar, a rolagem da dívida federal americana, nos próximos anos, poderá ser um problema não só para o Tesouro dos Estados Unidos. Se essa rolagem resultar em juros altos, as consequências afetarão todos os governos e empresas dependentes do mercado financeiro e o Brasil não será uma exceção.



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