Corte de juros no Brasil gera admiração, medo e ciúme entre BCs, diz ‘FT’
Política

Corte de juros no Brasil gera admiração, medo e ciúme entre BCs, diz ‘FT’





‘O Banco Central está corajosamente respondendo à repentina deterioração do ambiente econômico global’, disse o jornal britânico
02 de setembro de 2011


Daniela Milanese, correspondente da Agência Estado

LONDRES – O corte de juros decidido pelo Banco Central gera sentimentos de admiração, medo e ciúme nas outras autoridades monetárias ao redor do mundo, diz a coluna Lex, do “Financial Times” de hoje (2). Segundo o jornal, a admiração é pela audácia. “O Banco Central está corajosamente respondendo à repentina deterioração do ambiente econômico global”, diz. Se a desaceleração mundial acabar rapidamente ou se a inflação voltar a subir no Brasil, o BC irá parecer imprudente. Mas os índices de atividade industrial na zona do euro e no Reino Unido já estão em nível recessivo, aponta a publicação.


O FT lembra que os juros ainda estão cinco pontos porcentuais acima da inflação no Brasil, enquanto o juro real é zero na Índia, China, Rússia e Japão e negativo nos EUA, zona do euro e Reino Unido. Mas a decisão do BC abre dois precedentes assustadores, na avaliação do diário britânico. O primeiro é a fraqueza política, pois parece que a autoridade cedeu à pressão do governo. O segundo é a impotência política. “O corte é, em parte, uma admissão de que os juros altos puxaram a moeda e prejudicaram as exportações.”

O FT avalia que, pelo menos, os brasileiros têm espaço para manobra. “Em quase todos os outros países, estímulo monetário adicional provavelmente faria nada mais do que inflar bolhas financeiras perigosas. Os bancos centrais podem ser desculpados por sentirem ciúme da liberdade dos brasileiros.”

Ação do BC inspira admiração, medo e inveja
Por Financial Times – VALOR

Autoridades de bancos centrais por todo o mundo devem estar voltando os olhos ao Brasil com um misto de emoções. O corte da taxa referencial de juros do Banco Central do Brasil de 12,5% para 12% inspira admiração, medo e inveja.

A admiração é pela contínua ousadia. O Banco Central vem respondendo com coragem à deterioração repentina do cenário econômico mundial. Se o período de desaquecimento deste verão setentrional acabar logo ou se a inflação brasileira começar a subir de novo, parecerá ter feito tolice.

A aposta na desaceleração, no entanto, parece boa, se é que o anúncio das pesquisas de sentimento no setor industrial ontem servem de algum indicador: mostram níveis recessivos no Reino Unido e estão no menor patamar em dois anos na região do euro.

Os brasileiros também são admiráveis em sua batalha contra a tradição de inflação elevada, agora se desvanecendo. Mesmo depois do corte, a taxa de juros de um dia está cerca de 5 pontos percentuais acima do índice de inflação. As taxas reais overnight na Índia, China, Rússia e Japão estão em praticamente zero e são negativas nos Estados Unidos, região do euro e Reino Unido.

O corte brasileiro, contudo, estabelece dois precedentes preocupantes. Primeiro, fragilidade política. A crise deixou as autoridades de bancos centrais muito mais próximas à política, mas na maioria dos países elas estão em situação de vantagem em relação a políticos e reguladores. No Brasil, parece que o Banco Central cedeu à pressão do governo para aliviar a mão.

Segundo, a impotência da política monetária. O Banco Central brasileiro não mostrou ser melhor do que seus pares em manter a inflação baixa e um crescimento equilibrado e elevado. O corte dos juros é, em parte, uma admissão de que os juros elevados pressionaram a moeda e prejudicaram os exportadores.

Os brasileiros, pelo menos, têm espaço para manobra. Em quase todos os demais países, estímulos monetários adicionais provavelmente não fariam nada além de alimentar perigosas bolhas financeiras.

As autoridades de outros bancos centrais estão perdoadas por invejar a liberdade da autoridade brasileira.

Extraído do blog Luis Favre



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