Laura Ming
AP |
Depois de uma reforma feita em pleno cosmo pela tripulação do ônibus espacial Atlantis, em maio, o telescópio Hubble voltou a deslumbrar o mundo na semana passada com suas fotos espetaculares do universo. Munido de novas câmeras, baterias, computadores e giroscópios, o veterano telescópio captou, entre outras imagens, a da nebulosa NGC 6302, resultado de uma explosão estelar ocorrida há 6 000 anos. A luz que o Hubble enxergou partiu da nebulosa há 3 800 anos. O que surpreende na NGC 6302 é que ela se parece com uma imensa borboleta de asas abertas em pleno voo.
É de imaginar por que a movimentação das forças cósmicas produziu uma nuvem de matéria estelar com aparência tão familiar à natureza de nosso planeta. A ciência já apresentou uma resposta a essa questão por meio da teoria da geometria fractal, criada por Benoit Mandelbrot, matemático polonês radicado nos Estados Unidos. Usando programas de computador, Mandelbrot formulou a tese de que, ao contrário do que supõe o senso comum, a natureza tem um repertório reduzido de formas, que se repetem indefinidamente nos reinos animal, vegetal e mineral. O sistema vascular que transporta a seiva nas folhas das plantas é similar aos deltas dos rios. Vistos com microscópio, os cristais dos flocos de neve seguem os mesmos padrões geométricos. Assim como as penas dos pavões e as conchas do mar. Não é de espantar, portanto, que uma nebulosa nos confins do espaço assuma a forma de uma borboleta bem terrestre. Só mesmo o grande Hubble – que com a reforma deve continuar funcionando até 2014 – para enxergar tão longe e trazer à tona essa semelhança.