Política
Queremos o Brasil em meio a um oceano de misérias na América Latina?
Importante refletir sobre as estratégias estadunidense, especialmente na segunda metade do século XX para manter o seu crescimento econômico a custa da pobreza América Latina? Queremos isso para o Brasil no século XXI? Vamos cometer esse erro dos EUA?
Lembro-me do primeiro debate do segundo turno nas eleições de 2006, quando o candidato "Geraldo", a reboque do pensamento colonizado de setores da mídia (Rede Globo, Estadão, Folha, Veja e assemelhados) falava grosso contra a Bolívia.
E hoje vemos esse mesmo pessoal falando grosso contra o Paraguai, ou que o Brasil está fazendo "favores" aos amigos da Venezuela, Paraguai, Equador, Argentina, Bolívia, quando na verdade o presidente Lula assinalou uma nova relação com os países da América do Sul. Uma relação em que todos possam se desenvolver. Interessa ao Brasil crescer economicamente, enquanto os nossos vizinhos continuam pobres? Devemos cometer o erro dos EUA?
É justo crescer a custa dos países pobres como os EUA fizeram a vida toda?
Penso que o Brasil tem o dever de ajudar no desenvolvimento de toda América Latina, não só a América do Sul. E que o governo brasileiro tente passar essa visão para todo o povo brasileiro e empresários.
E mesmo porque, como sempre, os EUA poderão e deverão semear discórdias entre o povo latino-americano (fizeram por toda a sua existência).
Portanto, vale a pena conferir o texto abaixo:
E a ascensão do império brasileiro
Aprendendo a ser potência
Autor(es): Manuel Martínez
Correio Braziliense - 17/07/2011
O crescimento da economia e a forte presença diplomática nas Américas estão mudando o perfil de país: segundo especialistas, já corremos o “risco” de entrar no grupo das nações imperialistas.
Política externa
Ao mesmo tempo em que firma sua liderança na região, o Brasil atrai olhares de desconfiança dos vizinhos, receosos com a ascensão de um novo "império"
O Brasil corre o risco de entrar para o seleto grupo dos países considerados “imperialistas. Grupos acadêmicos, empresariais e políticos da América Latina têm discutido como deve ser o relacionamento com essa nova potência “conquistadora”. A questão, que para muitos brasileiros passa despercebida, pode ser confirmada, por exemplo, no YouTube (“Brasil y América Latina: ¿hegemonía o integración?”). Quem quiser se aprofundar ainda pode achar na internet vasta quantidade de artigos científicos e reportagens que abordam o tema em países de língua hispânica e inglesa desde os anos 1960.
Por mais que a classificação incomode os brasileiros e seja rejeitada pelo Ministério de Relações Exteriores, essa é a maneira como diversos povos começam a ver o Brasil, cada vez com mais ênfase. Parte dessa conceituação, de acordo com especialistas ouvidos pelo Correio, ganhou força nas últimas três décadas, com a ampliação das atividades de companhias brasileiras pelas Américas. Soma-se a isso, além do crescimento da nossa economia, a presença internacional que o Itamaraty conquistou no mesmo período.
O cientista político argentino Fabián Calle, que assessorou funcionários do primeiro escalão em seu país, considera que o governo brasileiro tem se preocupado em manter uma relação positiva com os parceiros na região. “Esse entendimento não tem sido assimilado por associações empresariais, legisladores, gestores de nível intermedíario e inferior da administração pública e formadores de opinião do Brasil, o que tem provocado situações de desgaste desnecessário com outros países”, lamentou Calle, que é também professor da Universidade Católica Argentina. Segundo ele, “os brasileiros têm de começar a se comportar como líderes e entender que há momentos de ganhar e de perder. Não se trata de ser meramente condescendentes, mas de deixar de brigar por coisas pequenas”.
Nesse sentido, comentou que o recente aumento na tarifa paga por Brasília aos paraguaios pelo excedente da energia elétrica gerada por Itaipu foi acertado. Para ele, é um gasto que não prejudica o Brasil e, ao mesmo tempo, contribui para mostrar que o país de fato busca uma liderança harmônica. “O problema é que muitos brasileiros ainda não entendem essa lógica”, pondera.
Simpatia
Por outro lado, nesse cenário de destacado desenvolvimento e voz marcante em fóruns internacionais, muitos brasileiros se dirigem a outros países para trabalhar ou simplesmente fazer turismo. E são esses os momentos em que a simpática imagem brazuca, sem querer, também fica em risco. Essas pessoas, tranformadas em “embaixadores informais”, cometem supostas gafes ou até equívocos capazes de fazer com que sejam vistas como os colonizadores de outros tempos.
Há poucos dias, por exemplo, a imprensa internacional deu destaque a uma atitude que brasileiros receberiam como totalmente inocente, mas que para outros soou arrogante. Diversos meios publicaram que, enquanto times de países que disputam a Copa América se enfrentavam, alguns jogadores da nossa seleção, em vez de assistir aos confrontos, preferiam tuitar sobre uma telenovela brasileira transmitida pela tevê por assinatura argentina.
“A maioria das pessoas apostaria que jogadores preferem mil vezes ver uma partida de futebol a uma telenovela, mas com os integrantes do time ‘verde e amarelo’ nos equivocamos”, escreveu um jornal peruano. Na versão eletrônica dessa publicação, vários leitores afirmaram que a atitude era mais um indicativo de um sentimento de superioridade dos brasileiros, que se comportam como se acreditassem que são “invencíveis” e por tanto não precisassem estudar os possíveis adversários.
O professor Alcides Vaz, do Departamento de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), considera que, quando está no exterior, todo brasileiro é “um portador de ideias e da construção da imagem do país lá fora”. Já a historiadora Albene Menezes, também da UnB, fez uma leitura do caso e considerou, de forma genérica, que o brasileiro “não é arrogante”: “O que ele faz fora do país, às vezes, é demostrar a sua ignorância sobre a relação com outros povos”.
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