Política
A valorização do real será um problema? Paul Krugman
O Estado de S. Paulo - 16/09/2010
Um acompanhamento deste post* poderia ser o seguinte: países como o Brasil deveriam se preocupar com a valorização real que está ocorrendo neste momento?
O pano de fundo são as dificuldades das economias avançadas, que vêm sofrendo um enorme choque negativo de demanda, provavelmente persistente, que as levou para o território da armadilha da liquidez. O que significa juros baixos e baixos retornos sobre os investimentos, daí os grandes fluxos de capital desejados para os países em desenvolvimento que não sofreram este tipo de choque. E na medida em que estes países adotam um câmbio flutuante, o resultado é uma valorização real. Então isso será um problema?
Há dois aspectos da questão.
Em primeiro lugar, tudo o mais permanecendo constante, a valorização real conduzirá a um déficit maior da conta corrente, e consequentemente a uma contração da demanda. Até certo ponto, isto poderá ser contrabalançado pelo corte dos juros internos. Mas se for significativa, poderá empurrar os mercados emergentes para sua própria armadilha da liquidez. De fato, a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) pode exportar sua armadilha da liquidez para o mundo em desenvolvimento através dos fluxos de capital. Aparentemente, não é o que está acontecendo agora, mas é algo em que temos de prestar atenção.
Em segundo lugar, poderemos ter uma repetição do excesso de poupança global: a vingança do Norte. Robin Wells e eu discutimos que o excesso de poupança global original, impulsionado em grande parte pelos superávits dos países em desenvolvimento, foi provavelmente o principal fator da bolha da habitação no Atlântico Norte; será que a nova versão, dessa vez acelerada pela redução da demanda no Norte, produzirá problemas da mesma magnitude nos países emergentes?
Assunto interessante - e mais agradável para refletir do que a política dos EUA...
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