A concordata da GM
Política

A concordata da GM


da Veja

Uma nova GM, agora estatal

Cai mais um ícone do capitalismo


Luís Guilherme Barrucho

Tony Gutierrez/AP
RECOMEÇO
Depois da reestruturação, a GM ficará apenas com as fábricas mais lucrativas

A General Motors, que já foi um dos símbolos de pujança da economia americana, viu-se, na semana passada, em meio a um impasse do qual dependia sua sobrevivência. Atolada na maior crise de sua história, a companhia precisava fechar um acordo com os detentores de títulos de sua dívida, a quem deve 27 bilhões de dólares – a metade do total –, para dar início a um inevitável processo de concordata. O plano é dividir a empresa entre uma "Velha GM", que ficará com fábricas deficitárias, contratos e outros passivos, para ser futuramente vendida, e uma "Nova GM", que permanecerá com as plantas, marcas e concessionárias mais lucrativas. A primeira tentativa de negociação da montadora com seus credores era justamente trocar a dívida por 10% dos ativos dessa "Nova GM" – mas a proposta foi recusada. Diante disso, o alto escalão da empresa subiu a oferta. Além do que havia oferecido, deu aos credores prioridade na compra de mais 15% da companhia já reestruturada. Isso com a promessa de cobrar pelas ações preço inferior ao valor de mercado. A única condição imposta pela GM era que não se colocasse nenhum obstáculo no processo de recuperação judicial. Dessa vez, a proposta teve boa acolhida. A montadora e o Tesouro americano, que já injetou 20 bilhões de dólares na GM, esperavam ouvir o o.k. final dos credores no sábado.

A "Nova GM" deve surgir em até noventa dias – com o governo americano como o maior acionista, com 72,5% das ações. Espera-se que o sindicato dos funcionários do setor fique com outros 17,5% e os detentores de títulos da dívida, com aqueles 10%. A estatização da GM foi a única solução encontrada para salvar a empresa. "Deixá-la quebrar aprofundaria a crise no setor e milhares de pessoas perderiam o emprego", diz Tereza Fernandez, da consultoria MB Associados. Ainda na semana passada, o governo alemão, a fabricante de autopeças canadense Magna e a GM chegaram a um acordo para a venda da subsidiária europeia da empresa Opel. Não chega a resolver a situação da montadora. Para se ter uma ideia, seu atual valor de mercado, 457 milhões de dólares, equivale a apenas 0,4% do da Toyota, hoje a maior fabricante de carros do mundo. Nada que faça lembrar os bons tempos em que a GM era uma das "Três Grandes de Detroit".




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