Quando em 1944 foi realizada a Conferência de Bretton Woods, que criou o Fundo Monetário Internacional (FMI), a grande preocupação era sair da guerra cambial em que os países desvalorizavam suas moedas (na época em relação ao ouro) para exportar mais, agravando a crise de então com um protecionismo que inibia o comércio mundial. Dois planos foram apresentados: o do secretário do Tesouro dos EUA, Harry D. White, e o do economista mais conceituado da época, Lord Keynes. Este propunha que um banco de emissão administrasse um mecanismo de compensações para evitar que um país com déficit nas contas internacionais fosse obrigado a reduzir suas importações. Infelizmente, foi aprovado o de White, que deu aos EUA uma força excepcional, com o dólar como lastro mundial e cotação fixa em ouro, até 15 de agosto de 1971. As regras do FMI estabeleciam que seria necessário sua anuência para desvalorizar a moeda nacional acima de 10%, o que, na prática, se tornou pouco respeitado, mas permitiu que em diversos países se chegasse a um sistema de câmbio flutuante ou de câmbio fixo, mas flexível, em relação à moeda norte-americana. Esse último sistema continua a funcionar no país que se transformou em locomotiva da economia mundial, a China, com uma moeda desvalorizada em relação ao dólar e que afeta a maioria dos países. Por sua vez, o Brasil, com um sistema de câmbio flutuante, tem uma moeda supervalorizada em razão do ingresso de capital estrangeiro atraído pelo dinamismo da sua economia e pela alta remuneração que oferece ao capital externo, o que se traduz por um forte déficit em transações correntes. A decisão do Japão de intervir no mercado externo para desvalorizar sua moeda colocou álcool na fogueira, aumentando as queixas contra a desvalorização da moeda chinesa. A economia mundial encontra-se diante de novo surto de medidas protecionistas por manipulação da taxa cambial, que inibem o desenvolvimento do comércio mundial. Este dispõe de regras para reduzir o protecionismo ditado por tarifas aduaneiras e outras restrições, mas encontra-se sem armas para coibir o uso e abuso da manipulação da taxa cambial. Seria necessário voltar ao sistema preconizado por Keynes, em que os países superavitários compensariam os deficitários. Parece difícil que o FMI, que atravessa uma crise, possa impor tal decisão. No entanto, o problema merece que a Organização Mundial do Comércio examine as possibilidades de se imporem sanções aos abusos da arma cambial. |