a Grécia e o Socialismo do século XXI
Política

a Grécia e o Socialismo do século XXI


Ex-ministro Varoufakis: “Para quê enviar tropas, se podem enviar a troika a cada mês?”
 
A composição social na Grécia (como em Portugal), consequência da deslocalização e terceirização do tecido produtivo numa população activa de cerca de 5 milhões de pessoas, é aproximadamente a seguinte:
* Operários empregues em trabalho produtivo, 14%
* Trabalhadores indiferenciados, 19,3%
* Profissionais técnicos e quadros, 17,5%
* Assalariados agrícolas, 2,2%
* Executantes empregues no terciário, 42,5%
* Dirigentes, Administradores e profissões liberais, 4,5%
A coligação de pequenos partidos agregados no Syriza foi eleita e apoiada pela pequena e média burguesia confrontada pelo neoliberalismo com a ameaça de proletarização face aos direitos adquiridos (o desemprego real de 27% (22% em Portugal) atravessa transversalmente todos os grupos de trabalhadores) ; o programa de governo propunha-se afrontar a grande burguesia transnacional congregada em torno da União Europeia, o que foi feito. Imediatamente boicotada, a coligação Syriza foi humilhada e derrotada. A luta passa a outro patamar, cujo objectivo deve ser a tomada de consciência que a pequena-burguesia dos serviços e a aristocracia operária devem unir-se à classe operária para formar um governo de amplo consenso democrático e patriótico

Stathis Kouvelakis: 25 deputados do SYRIZA deixaram o grupo parlamentar da coligação de esquerda no governo para criar um novo grupo, sob a denominação de "Unidade Popular". A maior parte desses deputados são filiados na ala mais à esquerda do Syriza, mas outros também se uniram, como Vangelis Diamantopoulos ou Rachel Makri, colaboradora próxima da presidente do Parlamento Zoe Kostantopoulou. É um importante importante acontecimento na política grega, mas também no plano internacional, tendo em vista o Plano B de grexit da moeda única europeia.

1. "Unidade Popular" é a denominação da nova frente política que reagrupará 13 organizações da esquerda radical que assinaram o documento de 13 de agosto que propõe que se constitua a Frente do Não. Essa Frente é, pois, o primeiro resultado concreto de uma recomposição no seio da esquerda radical grega. É recomposição que recolhe lições dos últimos cinco anos, e, claro, da experiência do Syriza no poder e da catástrofe que daí resultou. Mas o objetivo da Frente é mais amplo: trata-se de dar expressão a forças sociais que não necessariamente se reconhecem como parte da Esquerda, mas que querem combater o arrocho, os Memorandos e o "poder da Troika reloaded" do novo Memorando.

2. O objectivo da Frente Popular é constituir a expressão política do "Não", como se manifestou nas eleições de Janeiro e depois do referendo de 5 de Julho (Mais de 60% dos votos). As principais linhas programáticas são: ruptura com a Austeridade e os Memorandos; rejeição de todas as privatizações e nacionalização, sob controle social, dos sectores estratégicos da economia, a começar pelo sistema bancário; e, em termos mais amplos, um conjunto de medidas radicais, que farão pender o equilíbrio de forças a favor do trabalho e das classes populares e que abrirá caminho para a reconstrução progressista do país, de sua economia e de suas instituições. Esses objetivos não se podem realizar sem sair da Eurozona, como a catástrofe recente já o demonstrou abundantemente, e sem romper com o conjunto das políticas institucionalizadas pela União Europeia. A Frente Popular também lutará por um combate internacionalista unitário em torno de objetivos comuns à escala europeia e internacional, e apoiará a saída do país da NATO; a ruptura dos acordos existentes entre Grécia e Israel; e a oposição radical às guerras e intervenções imperialistas. Esse programa transicional situa-se na perspectiva do socialismo do século XXI.

3. O novo grupo parlamentar é agora o terceiro em número de votos, no Parlamento Grego, maior que os neonazis do "Aurora Dourada". Significa que nos próximos dias o dirigente da Frente do Não, Panagiotis Lafazanis, terá mandato para constituir governo que durará três dias, como o determina a Constituição grega. Depois da queda do governo Tsipras, esse mandato está agora entregue ao segundo partido do Parlamento, "Nova Democracia", o principal partido de oposição de direita. Esse tempo será usado pela Unidade Popular para lançar um vasto debate e mobilizar todas as forças sociais que queiram combater o Arrocho e os Memorandos, os anteriores e o recente.

O programa do partido e o conjunto de seus apoiantes entre as personalidades da esquerda grega (que é uma lista realmente impressionante), serão divulgados esta semana
(adaptado da tradução pelo colecctivo Tlaxcala)



loading...

- Porque O Syriza Não Está A Seguir O Guião De Um Acordo Com O Fmi
O FMI pensa que “não há possibilidade” de a Grécia poder reunir os 11.000 milhões de euros necessários para fazer os pagamentos de juros agendados entre Junho e o final de Agosto. Os planos de saída do euro preparados pela extrema esquerda da...

- Luta-se Em Frankfurt Contra O Banco Central Europeu Durante A Inauguração Da Sua Nova E Riquissima Sede
as grandes mudanças sempre foram acompanhadas por grandes convulsões. Não é o fim do mundo, é o principio de um mundo novo  Cento e vinte mil metros quadrados de terrenos, 4.500 toneladas de aço, 3.500 portas e um torre dupla com 185 metros...

- Não Pagamos... Não Poderemos Pagar, Mas Vamos-lhes Dizendo Que Pagaremos
o Partido Comunista da Grécia (KKE) apoiado na sua força eleitoral de 4,5 por cento promoveu uma manifestação contra o prometido acordo entre o Governo grego e os parceiros europeus (por via do Eurogrupo). Compareceram cerca de 7000 pessoas. Um dia...

- A Social Democracia Vence As Eleições Na Grécia
Antes do mais, Saudações efusivas ao povo grego por ter praticamente escorraçado do mapa eleitoral o Partido dito Socialista. Um exemplo a seguir pelos portugueses, agora que o António Costa se prepara para renovar o "ar de esquerda" eternizando-no...

- Mudança, Na Grécia E Na Europa
A vitóra do Syriza é um feito notável. A chegada de um partido da esquerda radical ao poder num país europeu não é um pormenor. E é sobretudo interessante verificar que a vitória do partido de Tsipras assenta na implosão do sistema partidário...



Política








.