a proposta que se pode recusar (II)
Política

a proposta que se pode recusar (II)


O dia de ontem começou com o anúncio de que Tsipras teria alegadamente cedido à pressão dos credores, mas à noite tudo tinha voltado à estaca zero. (do DN) 

A Europa pode realmente disparar o gatilho sobre a Grécia? Na realidade o golpe genial aqui é que a estratégia que vem sendo seguida deixa as decisões difíceis para a Europa. Se a votação dos gregos for “sim” levará o governo de Tsipras a demitir-se. (Varoufakis já disse que se isso acontecer na segunda-feira já não será ministro das Finanças). Se assim não fosse esperar-se-ia outra longa fase de negociações mal-humoradas e mais confusão. Se a Grécia votar "NÃO", a bola está no campo da zona do Euro. Podem então fazer uma melhor oferta, ou descartar a hipótese de a Grécia se poder financiar, o que equivale a expulsá-la da zona Euro. De qualquer das duas maneiras, Tsipras ganha. Se o negócio se vier a realizar, isso significa que a Europa amouchou primeiro. E se a Europa não der o braço a torcer - bem, Tsipras pode dizer que não foi ele quem levou a Grécia para fora da zona do Euro - foi expulso por credores não razoáveis acolitados pelos “governos europeus conservadores de estrema direita”. Doravante, então sim, estará em cima da mesa a construção de uma nova sociedade de matriz marxista, quer assente no dracma como nova moeda, quer com o auxílio político e financeiro de quaisquer Estados em vias de expandir as suas esferas de influência, incorporando um pedaço de sol no imobiliário global que abre muito convenientemente o caminho para os Balcãs e para várias rotas comerciais pelo mar. Com um "NÃO" as chances de haver um “Grexit” são muito maiores. E que acontece depois? Se há um "sim" no domingo, espera-se para ver qual a reacção dos “mercados”. O resto da Europa gostaria de receber esse resultado de braços abertos. A crise deixaria de existir - não poderia mesmo ser preciso novas eleições – os tais 18 remanescentes da zona do euro são inteligentes o suficiente para começar de imediato a jogar alegremente em casa e então o final feliz para o Euro estaria à vista. Se houver um voto no "NÃO", os “mercados”, embora não sendo pessoas nem tendo emoções ou vida física, não ficarão felizes com isso. No mesmo instante o “NÃO” significa Grexit. O que não significa um afundamento no lodo, mas apenas o retorno ao dracma como moeda de soberania nacional. (adaptado da "MoneyWeek")

a Europa declarou guerra à Grécia - entrevista com Stathis Kouvelakis, membro do comitê-central de Syriza: "a crise grega marca o fim da ilusão de uma Europa democrática" (traduzido por EsquerdaSocialista.com.br)

Resistência à “Europa do partido único”



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