a rede global do endividamento
Política

a rede global do endividamento


A carta aqui transcrita ontem, demonstra a estupefacção do leitor J.A. perante a possibilidade de promoção do governador do Banco de Portugal (BdP) a vice presidente do Banco Central Europeu (BCE), após um mandato interno em que se sucederam os escândalos financeiros e se agravaram enormemente as condições de vida dos portugueses.

Se atendermos ao negócio da rede internacional de prestamistas financeiros, o governador do BdP cumpre directivas por conta de outrem, e é nessa qualidade que será premiado, por ser “uma entidade independente” em relação ao Governo – embora seja ao Governo que cabe responder pela dívida contraída para resolver o défice do país - de facto a possível promoção de Vítor Constâncio não tem nada de estranho, menos de “irresponsabilidade”, se nos reportarmos ao negócio de endividamento da generalidade dos países que aderiram ao pacto económico neoliberal. Cavaco é o garante da conivência com este esquema financeiro. Em relação à gestão das mesquinhices politicas do défice, muito convenientemente, não é nada com ele (ou com outro figurante qualquer). Para compreender como funciona temos o caso-a-estudar desta semana sobre o que ocorreu com a presidente argentina e o Banco Central nacional.

A Argentina, que já foi um dos países mais prósperos do hemisfério sul (até à bancarrota de 2001, que coincidiu com o golpe de Estado neocon nos Estados Unidos), tem actualmente uma dívida externa de 20.000 milhões de dólares. Estes valores de endividamento, utilizados para habituar as populações a consumir bens muito acima das possibilidades de os trocar por aquilo que produzem, são tutelados na Reserva Federal norte americana onde assumem a forma de fundos de investimento e são jogados no jogo da Bolsa em Wall Street.

Cristina Kirchner procurou usar 6.600 milhões de dólares do Banco Central da Argentina para pagar amortizações e juros de serviço da dívida, mas o governador do Banco Central recusou o pedido da chefe do Governo. Esta assinou um decreto em que o destituiu. Mas um juiz do Tribunal argentino impugnou e anulou judicialmente o decreto e reconduziu Martin Redrado no cargo. Ao mesmo tempo outro juiz norte americano em New York, Thomas Griesa, decretou o congelamento dos fundos argentinos depositados em Wall Street.

Desde 2005 que as entidades PRIVADAS que gerem os Fundos de Investimento se têm recusado, face à nova crise, os pedidos para renegociar os pagamentos da dívida.
Entretanto, o que vem sendo publicado na imprensa é que a “socialista” Cristina Kirchner é uma populista que tentou ultrapassar a “independência” do Banco Central para pagar as dividas do Estado que os governos do seu partido criaram pela permissão de um défice excessivo. Não há melhor clima para que o candidato da oposição avance e tome posição politica para que o mesmo processo se repita desde o inicio, com outra cara no governo. É pelos bons serviços prestados na manutenção deste paradigma que os governadores dos bancos centrais são premiados

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