Ainda a greve geral estava em curso e sucediam-se já as movimentações do costume. Por um lado, os números da adesão, os sectores mais e menos afetados e as ilações daí a retirar. Por outro lado, o velho problema do árduo empenho da comunicação social em transformar o pequeno detalhe em acontecimento, em rapidamente fazer de um incidente um perigoso tumulto. Enfim, nada de novo, portanto.
Pessoalmente, julgo que esta greve geral fica sobretudo marcada pela diversidade das pessoas que vieram para a rua manifestar-se. Dos sindicados aos indignados, do pessoal da cultura aos estudantes, sentiu-se no ar uma comunhão de interesses, de preocupações e, claro, de revolta e indignação. Não existiu uma manifestação, mas sim um desfile delas. Em todas sentia-se combatividade e a tão necessária vontade de mudança. Sentia-se uma sólida oposição ao rumo político em curso e à forma como as instituições políticas estão a responder às necessidades e vontades populares. Infelizmente o panorama atual a este cenário tem conduzido.
E tudo isto sucedeu apesar de se ter notado um aparato policial sem precedentes. Autênticos Robocops com grandes armas bem visíveis escoltaram os manifestantes Chiado acima, criando uma notória tensão entre quem por lá andava. Protestos perfeitamente pacíficos e festivos subitamente foram assumidos como ameaçadores. Isto para já não falar dos polícias à paisana que por lá andaram incendiando os ânimos.
Claro que, tendo em conta o cenário atual, fica sempre a sensação de que muito mais gente devia ter aderido à greve. O que é preciso mais para que as pessoas venham em massa para a rua manifestar-se e defender a sua dignidade? As respostas podem ser diversas, mas a certeza ficou de que esta insatisfação está a crescer e a lançar pontes entre sectores com pouco historial de proximidade. Isto está a mudar.
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