O Estado de S. Paulo - 24/01/2013 |
O economista Persio Arida, chairman e sócio-diretor do banco BTG Pactuai, criticou ontem a política econômica brasileira no debate sobre a América Latina no primeiro dia do Fórum Econômico Mundial. Arida, porém, deu um tom moderadamente otimista à sua análise do Brasil, dizendo que o governo do País, diferentemente dos regimes populistas mais radicais da América Latina, está aprendendo com os seus erros. Para Arida, um dos mentores do Plano Real e ex-presidente do Banco Central, uma das causas do desaquecimento brasileiro é demográfica, com uma desaceleração abrupta do crescimento da população em idade de trabalhar. Isso explica a combinação de baixo crescimento e mercado de trabalho aquecido. Para ele, as outras causas, porém, têm a ver com a política econômica, e podem ser corrigidas pelo processo de aprendizado. Ele cita a interrupção das reformas econômicas em 2006, o excesso de medidas intervencionistas do governo, a parada nas privatizações (só agora retomadas, no caso dos aeroportos, com o rótulo de concessões), o protecionismo e as políticas de conteúdo nacional. Essas últimas, para ele, beneficiam os produtores, mas prejudicam os compradores e provocam distorções que, no longo prazo, são prejudiciais à economia. Arida chegou a citar a Petrobras, obrigada a comprar produtos mais caros, o que diminui seu fôlego para ampliar a operação. Ele também criticou a lei do salário mínimo (que prevê reajustes pela inflação e mais o PIB de dois anos antes), que considera uma "superindexação" com efeito inflacionário. Arida colocou-se contra "essa visão (do Brasil) muito pessimista, de que o caso é perdido". Para ele, "tem um aprendizado acontecendo". / F.D. |