Política
As consequências na prática da Queda do Muro de Berlim
"
Por trás de uma grande fortuna está sempre um grande crime".
Honoré de Balzac
A riqueza total desta
classe dominante global aumentou 35% ao ano atingindo actualmente US$ 3,5 milhões de milhões (trillions), ao passo que o nível de rendimento dos 55% mais baixos dos 6 mil milhões de habitantes que constituem a população mundial diminuiu ou estagnou. Dito de outro modo, uma centena de milionésimo da população mundial (1/100.000.000) possui mais do que os três mil milhões de pessoas do escalão inferior. Mais da
metade dos actuais multimilionários (523) procedem de apenas três países: os EUA (415), a Alemanha (55) e a Rússia (53). Este aumento de 35% da riqueza provém mais da especulação que se tem registado nos mercados de capitais, no imobiliário e no comércio de matérias-primas do que de inovações técnicas, de investimentos em industrias criadoras de emprego ou de serviços sociais.
Entre o grupo de multimilionários mais recentes, mais jovens e que cresceram mais rapidamente, destaca-se a
oligarquia russa pelos seus começos mais predatórios. Mais de dois terços (67%) dos actuais oligarcas russos multimilionários iniciaram a sua concentração de riqueza quando ainda não tinham trinta anos de idade. Durante a infame década dos anos noventa, sob o quase ditatorial governo de Boris Yeltsin e dos seus conselheiros económicos dirigidos pelos EUA,
Anatoly Chubais e
Yegor Gaidar, toda a economia russa foi
posta à venda por um "preço político" muito abaixo do seu valor real. As transferências de propriedade, sem excepção, foram conseguidas através de tácticas mafiosas, de assassinatos, de roubos generalizados, de apropriação dos recursos do estado, e das actividades ilícitas de manipulação de acções e aquisições de empresas. Os futuros multimilionários saquearam ao estado russo um valor de mais de um milhão de milhões (trillion) de dólares em fábricas, transportes, petróleo, gás, aço, carvão e outros recursos pertencentes ao estado.
Património histórico: um monumento nacional, em plena zona nobre da Avenida Nevsky, São Peterburgo, é hoje uma luxuosa loja de uma marca ocidental. Só vende um par de
slips versace de quando em vez, ou uma ou outra peça quando o rei faz anos, mas não interessa - o que interessa é o status social que o uso do que aqui se vende produz; e é sabido que um dos principais factores de desavenças conjugais é o uso de cuecas de
popeline; e as ceroulas em
chita, como é sabido, têm sido a principal causa de abandono do lar pelas mulheres.
Como tornar-se um supermilionário
Se bem que algum conhecimento técnico, "qualificações empresariais" e tacto para o mercado tenham tido um certo peso na criação dos multimilionários na Rússia e na América Latina, muito mais importante foi o interface político e económico em todas as etapas da acumulação de riqueza. De uma forma geral verificam-se três etapas:
1. Durante o primitivo modelo 'estatista' de desenvolvimento os actuais multimilionários "pressionavam" e
subornavam com êxito os funcionários governamentais para a obtenção de contratos, isenções tributárias, subsídios e protecção da concorrência estrangeira. Estas dádivas do Estado foram o ponto de partida para a obtenção do estatuto de multimilionários durante a subsequente fase neoliberal.
2. O
período neoliberal proporcionou as maiores oportunidades para a obtenção de lucrativos activos públicos muito abaixo do valor de mercado e da sua capacidade de rendimento. As privatizações, embora descritas como "transacções de mercado", na realidade foram vendas políticas em quatro sentidos: pelo preço; pela selecção dos compradores; pelo suborno dos vendedores; e pela promoção de uma agenda ideológica. A acumulação de riqueza resultou da
venda ao desbarato de bancos, empresas mineiras, recursos energéticos, telecomunicações, centrais eléctricas e transportes, bem como pela assumpção por parte do Estado de dívidas privadas. Isto foi o ponto de partida dos multimilionários para o estatuto de multimilionários. Na América Latina isto foi conseguido pela via da
corrupção e na Rússia
pela via dos assassinatos e das guerras de gangs.
3. Durante a terceira fase (a actualidade) os multimilionários consolidaram e ampliaram os seus impérios por meio de fusões, aquisições, mais privatizações, e expandindo as suas acções no estrangeiro. Os monopólios privados dos telefones móveis, telecomunicações e outras empresas de serviços públicos (utilities), juntamente com os altos preços das commodities, acrescentaram milhares de milhões de dólares às suas concentrações iniciais de riqueza. Alguns milionários tornaram-se multimilionários vendendo as suas recentes aquisições, empresas privadas lucrativas, ao capital estrangeiro.
(
fonte)
loading...
-
A Caricatura Do Estado Social
a Visão traz numa página interior de cusquices o número garrafal 6380 milhões atribuindo-o à fortuna dos 3 homens mais ricos de Portugal, fortuna que cresceu 1,4 mil milhões de euros em 2010 apesar da crise. Ou seja, como se lembra aqui no Castendo...
-
Legatum Prosperity Index
o índice de prosperidade por regiões "O dinheiro sempre há-de correr atrás das oportunidades, e há muita abundância de ambas as coisas na América. Os nossos melhores dias serão os que vão estar à nossa frente" (Warren Buffett, comentando os...
-
Prémio Nóbel Obama Faz Campanha Pela Paz…
… entregando este ano, depois de uma igual para George H.W.Bush, a mais alta condecoração civil, a Medalha da Liberdade, a um dos homens mais ricos do planeta, o multibilionário Warren Buffett, por... a ver se percebemos a complexidade da verborreia:...
-
Já Pegou O Seu Pretinho Ao Colo Hoje?
No virar para o século XXI, os três indivíduos mais ricos do mundo (todos eles norte americanos) tinham uma fortuna combinada maior do que a dos 48 países mais pobres (1). Esquecendo-se disso, porque finge não saber e a situação de acumulação...
-
Rússia: Em Que Ponto Nos Encontramos?
Cheney: "ok, vamos lá explicar a "big picture" aos ingénuos deste mundo". Desde o reinado de Clinton, sempre apoiando a Rússia que Yeltsin demolia, foram adoptadas as teses do "ideólogo democrata" Zbigniew Brzezinski, sistematizadas em 1997 em “The...
Política