As letras pequeninas do resgate a Espanha que querem que não pareça um resgate
Política

As letras pequeninas do resgate a Espanha que querem que não pareça um resgate


"Nunca acredite em alguma coisa em politica até ser oficialmente negada" (Bismarck)

o Primeiro ministro do Partido Popular do neoconservador José Maria Aznar mentiu durante semanas sobre o pedido de ajuda financeira, (como antes tinha mentido Zapatero)...

... primeiro sobre o montante necessário para acudir a limpar os activos tóxicos que constam nas contabilidades das instituições bancárias com maior exposição na Europa ao crash da bolha imobiliária, depois porque os termos do empréstimo para resgatar os bancos privados (em vez de os deixar falir ou serem resgatados pelos accionistas) é feito em troca por garantias prestadas pelo Estado. De facto é apenas mais uma nuance na forma, aparente nova, de transferir dívida de privados para dívida pública, ou seja, é exactamente o mesmo esquema de usura que está a ser aplicado a Portugal, à Grécia e à Irlanda. Da mesma forma a imposição de mais medidas de austeridade continuará. O próprio comunicado do Eurogrupo (traduzido abaixo) deixa claro que há mais medidas e cortes que estão pendentes:
















9 de Junho de 2012.
"O Eurogrupo suporta os esforços das autoridades espanholas no sentido de resolutamente resolver a reestruturação do seu sector bancário sendo assim bem vinda a sua intenção de pedir assistência financeira aos membros da zona euro para esse efeito. O Eurogrupo foi informado que as autoridades Espanholas apresentarão um pedido formal brevemente e é nosso desejo responder favoravelmente a essa pretensão. A assistência financeira deverá ser providenciada pelo EFSF/ESM para a recapitalização das instituições financeiras. O empréstimo será escalonado no sentido de resguardar uma efectiva cobertura para todas as requisições possíveis de capital estimadas pelo exercício de diagnóstico, as quais as autoridades Espanholas comissionaram aos avaliadores externos e aos auditores internacionais. O montante do empréstimo deve cobrir o capital estimado requerido com uma margem adicional de segurança, cuja soma é estimada em 100 mil milhões de euros no total.
No seguimento do pedido formal, uma avaliação deverá ser providenciada pela Comissão, em ligação com o Banco Central Europeu (ECB), a Autoridade Bancária Europeia (EBA) e o Fundo Monetário Internacional (IMF), bem como uma proposta para o condicionamento político necessário para o sector financeiro que deve acompanhar a assistência.
O Eurogrupo considera que o Fundo da Ordem de Reestruturação dos Bancos (FROB), actuando como agente do governo espanhol, poderia receber os recursos e canalizá-los para as instituições financeiras em causa. O governo espanhol vai manter a plena responsabilidade da assistência financeira e irá assinar o Memorando de Entendimento. (1)
O Eurogrupo valoriza que a Espanha já tenha implementado significativas medidas de ajuste fiscal, para a reforma laboral e para fortalecer a base do capital dos bancos espanhóis.
O Eurogrupo está convencido de que a Espanha irá cumprir os seus compromissos sobre o défice excessivo com as reformas estruturais, com a finalidade de corrigir desiquilibrios macroeconómicos dentro da moldura semestral europeia. O progresso nestas áreas será vigiado muito de perto e regularmente revisto em paralelo com a assistência financeira. Para além da implementação determinada destes compromissos, o Eurogrupo considera que as politicas que condicionam esta assistência financeira deverão ser focadas especificamente em reformas no sector financeiro doméstico. Convidaremos o FMI para apoiar a implementação e o acompanhamento da assistência financeira com relatórios periódicos" (2)
(Comunicado original aqui



(1) O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, declarou que "não são os bancos, mas a Espanha quem recebe o dinheiro", explicando deste modo o procedimento que terá a ajuda comunitária ao país. "Agora é o país que terá de negociar a sua reestruturação bancária com o FMI e o BCE". A Espanha já fez muitas reformas e está no bom caminho, considera Schäuble. (fonte)
(2) Primeiros protestos contra mais esta ajuda aos bancos marcados para hoje 
(3) Com a entrada no Euro, 25% da população de Espanha (11 milhões e 750.000 pessoas) já vivem abaixo do limiar de pobreza (fonte)
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