Autor(es): Fabio Graner e Renata Veríssimo |
O Estado de S. Paulo - 14/08/2009 |
Empolgado com o lucro apresentado pelo Banco do Brasil (BB) no segundo trimestre, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, convocou ontem entrevista coletiva para elogiar a atuação "agressiva" dos bancos públicos e criticar a atitude defensiva das instituições privadas. Segundo o ministro, enquanto nos bancos privados houve redução do crédito e aumento do spread bancário, as instituições federais, no caso específico o BB, baixaram juros e ampliaram crédito, aumentando sua participação de mercado. "É uma lição para os bancos privados. É bom que eles acordem, senão vão ter uma fatia menor do mercado", destacou Mantega, que também respondeu diretamente às críticas do presidente-executivo do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, que nesta semana disse que a redução de taxas dos bancos estatais não eram sustentáveis. "Ele se equivocou, pois falou antes de ver o resultado do BB. Ele cometeu uma falácia, um erro grave. Os bancos deveriam seguir o exemplo do BB, senão vão comer poeira." O ministro afirmou que os bancos públicos continuarão desenvolvendo essa estratégia, pressionando cada vez mais e ampliando a concorrência. "É possível fazer política pública contentando os acionistas, que terão mais dividendos. Quero parabenizar a nova diretoria do Banco do Brasil, que levou essa estratégia à frente, com tenacidade e responsabilidade." Segundo Mantega, durante a crise o BB teve aumento de 25% no volume de crédito, enquanto as instituições privadas avançaram de 2,5% a 3%. Além disso, os juros foram reduzidos, em movimento inverso ao do setor privado. "Os bancos públicos elevaram mais o crédito, foram mais agressivos na busca de clientes, baixaram juros e foram responsáveis pela recuperação da economia." O ministro enfatizou ainda que tudo foi feito sem prejuízo da qualidade do crédito do BB, que teve nível de inadimplência menor do que a média do sistema financeiro. "Fizemos isso de maneira sustentável", disse Mantega. "Os bancos públicos tomaram mercado dos bancos privados. É bom que os bancos privados se acautelem, senão vão perder mais mercado." Em São Paulo, onde participou, juntamente com o ministro, de evento da revista Isto É Dinheiro, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, disse ontem que "a velocidade da redução dos juros vai ser dada pelo mercado". Mantega contou ainda que na reunião de quarta-feira do Grupo de Acompanhamento da Crise (GAC), formado por empresários de vários setores, ficou evidente a recuperação da economia. Ele citou a retomada do setor siderúrgico, que opera com 70% da capacidade instalada, depois de ter ficado com metade da indústria parada. |