Cinema, Mitos e Previsões Oscarológicas
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Cinema, Mitos e Previsões Oscarológicas


É curioso ver como se constroem os grandes mitos e como eles acabam por ter tão pouca relação com a realidade, seja no que se refere a Hollywood, seja de uma forma mais geral aos acontecimentos com que se vai construindo a História.
A biografia "Brando Unzipped", escrita por Darwin Porter, lançada esta semana em Londres, é repleta de novas informações sobre um dos maiores mitos norte-americanos, o actor Marlon Brando. A grande revelação do livro é o romance entre Brando e o comediante Wally Cox, que teria sido amante da estrela durante décadas até morrer em 1973. E, que Brando mantinha a urna com as cinzas de Cox na sua casa e até jantava na presença dela, enquanto entabulava diálogos imaginários com Cox, imitando perfeitamente a voz do ex-amante. Que coisa mais mórbida!!! Ainda segundo o livro, Brando, no seu testamento, pediu aos familiares que lançassem as suas cinzas no Vale da Morte, na Califórnia, juntamente com as de Cox. É de igual modo curioso verificar como agora se desconstroem os Mitos tendo como único objectivo ganhar dinheiro com isso.
Quase ninguém se consegue escapar dos terrenos mediáticos mainstream de Hollywood onde habitualmente se fazem as apostas sobre “quem são os melhores”. Digo quase, porque como é evidente o mundo cinematográfico está longe de se resumir ao cinema americano, pese embora a habituação causada pelos tradicionais clichés inroduzidos financeiramente numa Indústria dominada por patrões (produtores) de apelidos terminados em “berg” e “stein” – de doutrina filosófica judaica, portanto.
Por alguma razão enquanto as salas do Ocidente estão cada vez mais às moscas, em Teerão para se conseguir p/e ver um filme como “Vale dos Lobos, Iraque" em exibição simultânea em 5 cinemas permanentemente esgotados, seja preciso comprar bilhetes com uma semana de antecedência. Ou em Bollywood onde se produzem mais do dobro dos filmes.
É por estas e por outras que o número de espectadores-comedores de pipocas blockbusters anglófonas se encontra em recessão, salvo para um pequeno nicho de Independentes proscritos (de escolas como a de Woody Allen que se mudou recentemente para a Europa, ou de Chaplin e Welles que nunca ganharam um óscar) – que gloriosamente ainda tentam manter o ceptro da tradição artistica que influenciou gerações de verdadeiros cinéfilos. É nesta estreita faixa de mercado que os Óscares vão beber, e, os laureados são tão previsiveis quanto o são as intenções dos promotores do espectáculo. Coloquem-se então as nossas apostas. Os critérios de escolha dos vencedores previlegiam o espectáculo em si, e não a função critica da sociedade, óbviamente implicita.

* Melhor Filme – “Crash” de Paul Haggis, embora quem vá ganhar, por ser diferente, original, desinibido, artistico, etc, seja o melodrama “Brokeback Mountain”. A favor de “Crash” é tão só uma rigorosa exposição ideológicamente desinteressada e um dos mais fiéis retratos da sociedade da América do Norte que alguma vez nos foi dado ver.
* Melhor Actor Principal – Philip Seymour Hoffman, o actor de “Capote” que retrata o fascinio doentio yankee pelo crime como espectáculo mediático, embora quem merecesse ganhar fosse Ralph Fiennes pela representação em “O Fiel Jardineiro” ou Matt Dillon por “Crash”, embora a representação deste último seja relativamente curta, em beneficio da compreensão da multiplicidade da obra em geral.
* Melhor Actriz Principal – Reese Witherspoon pelo seu papel em “Walk the Line”, embora quem mereça ganhar seja a actriz Felicity Huffman em “Transamérica”, que passa quase despercebido entre nós, onde a actriz desempenha uma dona de casa desesperada que por via do “american way of life” se vê constrangida a ganhar a vida como transsexual.
* Melhor Actor Secundário – George Clooney por “Syriana”, um bombom pela condescendência para com os contestários ao sistema. Pega na estatueta e ficas absolvido.

* Melhor Actriz Secundária – Rachel Weisz, a excepção, justamente premiada pelo excepcional desempenho em “O Fiel Jardineiro”
* Melhor Argumento Original - "Os Três Enterros de Melquiades Estrada" de Tommy Lee Jones










* Melhor Mamífera (Esta categoria não existe, mas é pena) – Scarlett Joahnson em “Match Point



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