Cronicando no sábado

Walnize Carvalho

Movida de expectativa e pressa cheguei ao cinema. Vinte e uma horas.
Embora em cartaz desde os últimos meses do ano passado, o documentário “Vinícius” (sobre Vinícius de Moraes) ainda consegue formar enorme fila de várias gerações para assistir à sua projeção.
Comprado o ingresso, sentei na poltrona, não como espectadora, mas como se estivesse em uma roda de amigos formando a trilogia: Vinícius, violão e companheiros.
E, aos poucos, foram surgindo depoimentos de seus parceiros: Toquinho, Francis Hime, Carlinhos Lyra, das filhas (em especial da Suzana Moraes), entre outros.
Os mais marcantes testemunhos são de Ferreira Gullar, Edu Lobo, Tônia Carrero, e de Chico Buarque que repetia: “Duvido que Vinícius sobreviveria nos dias de hoje num mundo regido pela mesquinharia, pelo vale-tudo e pelas aparências.”
O documentário é rico na narrativa, no Canto, nas imagens do Rio, nos encontros com amigos (alguns, como ele, já se foram) e declamações de poemas nas vozes dos atores Camila Morgado e Ricardo Blat. Pura emoção!...
Não falta a referência às mulheres (Vinícius casou-se nove vezes) e nem tão pouco ao seu amigo fiel: o uísque (“o cão engarrafado”).
Fica patenteado que Vinícius amou o Amor e quando amava era fiel à amada e a si próprio.
Na tela a transposição para um tempo de celebração à vida, à arte, ao espírito generoso e à ingenuidade tão em falta nos tempos atuais.
A fita nos revela um homem que perseguia a paixão com sinceridade inigualável e a felicidade como algo palpável.
Bom assistir, ainda que em duas horas, fragmentos de um ser: poeta, diplomata e cineasta. Um autêntico amante da VIDA.
Saí do cinema com a sensação do Efêmero. O filme “é eterno enquanto dura”.

Nota: Está crônica foi publicada no"Monitor Campista" em 22/01/2006)

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