Dar a volta ao resultado
Política

Dar a volta ao resultado


Inaugurar o marcador
Há dois anos, o défice estava controlado em Portugal. Abaixo dos 3%, depois de fortes sacrificios. Veio a crise (parte I) e um grande esforço de investimento público para a atenuar. Os Estados endividaram-se para socorrer o sistema financeiro que se encontrava em colapso. Parecia o fim do neoliberalismo, o fim dos selváticos mercados desregulados. 1-0 para os defensores da regulação e de um maior papel do Estado na economia.

O Empate
Quase nada foi feito em termos de regulação. Eis então que os juros da dívida pública (que cresceu devido ao investimento estatal para atenuar o colapso dos mercados) começam a ser alvo de ataques especulativos, deixando diversas economias em situação deveras fragilizada. Paradoxalmente, em vez de prevalecer a crítica estrutural a tais ataques e à sua razão de ser, surge em força o discurso do “andamos a viver acima das nossas possibilidades” e da crítica à dívida pública (?!?). 1-1 para os defensores da desregulação e de um modelo económico de matriz neoliberal.
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A reviravolta
O discurso acima é então assumido de forma tão inquestionável por determinados líderes políticos, por instituições internacionais e pela comunicação social que a própria opinião pública quase o aceita serenamente. Ao ponto dos governos que há dois anos anunciaram o fim da desregulação e o regresso do Estado, assumirem agora como inevitabilidade o aperto do cinto e a cortar em todo o lado, com particular destaque nos salários e nas prestações sociais. Agora a palavra de ordem é que o Estado tem de recuar. 1-2 para os defensores da desregulação e de um modelo económico de matriz neoliberal.

A isto se chama uma verdadeira reviravolta no marcador. Um case study de como transformar uma situação desvantajosa numa oportunidade de ouro. Os defensores da desregulação e de um modelo económico de matriz neoliberal têm razões para andar muito felizes por estes dias.



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