Por Altamiro Borges
E ainda tem gente que acredita na isenção da velha mídia! No final de 2011, ela simplesmente escondeu a publicação do livro “A privataria tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro. Agora, ela evita falar sobre a Operação Monte Carlo, que resultou na prisão do mafioso Carlinhos Cachoeira e evidenciou as suas relações íntimas com demo Demóstenes Torres e o tucano Marconi Perillo.
O próprio líder do DEM no Senado, que a mídia projetava como “paladino da ética”, já confessou suas ligações com o criminoso – preso na operação da Polícia Federal sob a acusação de explorar casas de caça-níquel e cassinos ilegais, de montar uma rede ilegal de espionagem, de manter jornalistas na sua folha de pagamento e de nomear integrantes para o governo do PSDB de Goiás.
298 ligações telefônicas
“Sou amigo dele há anos. A Andressa, mulher dele, também é muito amiga da minha mulher”, admitiu Demóstenes Torres. Para piorar, o demo ainda afirmou na maior caradura: “Eu pensei que ele tivesse abandonado a contravenção e se dedicasse apenas a negócios legais”. O implacável opositor dos “malfeitos” nos governos Lula e Dilma dormia com o inimigo. Pobre inocente!
Agora surgem novas revelações. Os grampos telefônicos autorizados pela Justiça comprovam que o senador demo conversou 298 vezes com Carlinhos Cachoeira entre fevereiro e agosto de 2011. Ele tratava o mafioso como “professor”. Até ganhou de presente de casamento uma cozinha. As escutas também mostram que o mafioso era “dono” da área de segurança (segurança!) em Goiás.
"A coisa já está superada"
Apesar do escândalo, os principais jornalões, revistonas e emissoras de tevê continuam em silêncio. Ele só é rompido no próprio estado. É o caso da entrevista publicada no jornal O Popular, de Goiás. Nela, Demóstenes diz que “não pode ser condenado por uma amizade” e, pasmem, comemora o fato das denúncias não repercutirem na mídia nacional:
“Só há repercussão em Goiás, em alguns veículos, e no Correio Braziliense. Fora disso, a coisa já está superada”, festeja o demo.
Alguém ainda tem dúvida sobre a neutralidade da mídia? Será que nos documentos apreendidos e nas escutas telefônicas vai surgir o nome de algum jornalista da grande imprensa que fazia parte da folha de pagamento do mafioso? Por que os “calunistas” da mídia, que tanto bajulavam Demóstenes Torres, estão calados?
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