Comércio global vai crescer menos em 2012, sinal de que os tempos bicudos ainda não ficaram para trás
A ECONOMIA MUNDIAL melhora. O que isso quer dizer? Cresce algo mais, na média, dos que nos anos de colapso, e a quanto custo: trilhões despejados pelos bancos centrais, uns trilhões em dívidas novas de governos, dinheiro doado a bancos e grossos investidores. Na média, melhora mesmo devido à China e vizinhos, à Índia e não muito mais.
Porém, a Organização Mundial do Comércio mandou avisar que o comércio mundial emperra.
A OMC disse que o volume de comércio deve crescer menos de 4% em 2012, ante os 5% de 2011.
Mas o crescimento do comércio vinha acelerando. Era a globalização, ou um aspecto dela, certo?
No último ano bom do boom do início do século, 2007, o comércio mundial crescera 7%. No colapso de 2008, desacelerou para 2,8%, em parte devido à mordida da recessão, em parte devido abrupto desaparecimento do crédito, cortesia da inépcia e da bandalha da finança mundial. Em 2009, houve feia regressão, queda de 12%, recuperada pelo crescimento de 14% de 2010.
Ou seja, o comércio mundial quase não cresceu entre 2008 e 2010.
Os tropeços de 2011 ocorreram em quase toda parte. No Japão, grande ator do mercado mundial, as exportações praticamente não cresceram, dado o desastre do tsunami e a decorrente desorganização das cadeias produtivas. Na China, também prejudicada pelos problemas no Japão, o ritmo do aumento de exportações baixou a um terço da velocidade de 2010. Nos Estados Unidos, caiu pela metade.
Logo, a desaceleração de 2011 poderia ser atribuída em parte a motivos pontuais, não recorrentes. Em parte, também os sustos europeus desanimaram empresários e consumidores, reduzindo o crescimento em outras partes do mundo, por aqui no Brasil inclusive.
Em 2012, o mundo vai ter de encarar os prejuízos provocados por uma recessão europeia da qual ainda não se sabe o tamanho, embora não pareça radical, "tudo o mais constante" e desde que não ocorra naufrágio da armada espanhola.
A China, aparentemente, vai crescer um pouco menos que em 2011, mas não lá muito menos. O clima nos Estados Unidos despiora, sujeito a mudanças no decorrer do período. Mas, recorde-se, no ano passado discutia-se a hipótese de uma nova recessão americana. Os "emergentes", Brasil inclusive, devem andar um pouquinho mais rápido que no ano passado.
Logo, é de se perguntar pelos motivos da mediocridade do crescimento do comércio mundial (aliás, note-se que a OMC diz que há risco pesado de o comércio mundial crescer ainda menos que os 3,7% que prevê para 2012).
"Protecionismo"? Pode ser. Mas o fato é que, na média, a economia mundial vai crescer mesmo menos que em 2011. A grande draga será a Europa, mas os latino-americanos, na média, vão ter um desempenho pior neste ano.
Para piorar, em tese ou em teoria, um ritmo menor no comércio implica um ritmo também menor no aumento da eficiência econômica. Comércio serve também para reduzir custos, certo?
Não, não se trata de anunciar catástrofe, nem parece haver alguma à vista. Mas de temperar as euforias que vêm dos povos dos mercados, que muita vez nada têm a ver com a vida real.
Porém, a Organização Mundial do Comércio mandou avisar que o comércio mundial emperra.
A OMC disse que o volume de comércio deve crescer menos de 4% em 2012, ante os 5% de 2011.
Mas o crescimento do comércio vinha acelerando. Era a globalização, ou um aspecto dela, certo?
No último ano bom do boom do início do século, 2007, o comércio mundial crescera 7%. No colapso de 2008, desacelerou para 2,8%, em parte devido à mordida da recessão, em parte devido abrupto desaparecimento do crédito, cortesia da inépcia e da bandalha da finança mundial. Em 2009, houve feia regressão, queda de 12%, recuperada pelo crescimento de 14% de 2010.
Ou seja, o comércio mundial quase não cresceu entre 2008 e 2010.
Os tropeços de 2011 ocorreram em quase toda parte. No Japão, grande ator do mercado mundial, as exportações praticamente não cresceram, dado o desastre do tsunami e a decorrente desorganização das cadeias produtivas. Na China, também prejudicada pelos problemas no Japão, o ritmo do aumento de exportações baixou a um terço da velocidade de 2010. Nos Estados Unidos, caiu pela metade.
Logo, a desaceleração de 2011 poderia ser atribuída em parte a motivos pontuais, não recorrentes. Em parte, também os sustos europeus desanimaram empresários e consumidores, reduzindo o crescimento em outras partes do mundo, por aqui no Brasil inclusive.
Em 2012, o mundo vai ter de encarar os prejuízos provocados por uma recessão europeia da qual ainda não se sabe o tamanho, embora não pareça radical, "tudo o mais constante" e desde que não ocorra naufrágio da armada espanhola.
A China, aparentemente, vai crescer um pouco menos que em 2011, mas não lá muito menos. O clima nos Estados Unidos despiora, sujeito a mudanças no decorrer do período. Mas, recorde-se, no ano passado discutia-se a hipótese de uma nova recessão americana. Os "emergentes", Brasil inclusive, devem andar um pouquinho mais rápido que no ano passado.
Logo, é de se perguntar pelos motivos da mediocridade do crescimento do comércio mundial (aliás, note-se que a OMC diz que há risco pesado de o comércio mundial crescer ainda menos que os 3,7% que prevê para 2012).
"Protecionismo"? Pode ser. Mas o fato é que, na média, a economia mundial vai crescer mesmo menos que em 2011. A grande draga será a Europa, mas os latino-americanos, na média, vão ter um desempenho pior neste ano.
Para piorar, em tese ou em teoria, um ritmo menor no comércio implica um ritmo também menor no aumento da eficiência econômica. Comércio serve também para reduzir custos, certo?
Não, não se trata de anunciar catástrofe, nem parece haver alguma à vista. Mas de temperar as euforias que vêm dos povos dos mercados, que muita vez nada têm a ver com a vida real.