A crise do crédito chegou ao Brasil, realmente, em outubro: é a conclusão que se tira comparando os dados do mês de setembro - divulgados ontem - com as informações dadas pelo Banco Central (BC) relativas aos dez primeiros dias de outubro.
Em setembro, houve um aumento de 3,5% das operações de crédito, cujo saldo representou 39,1% do PIB, ante 37,9% no mês anterior. O crédito para as pessoas físicas (PFs) aumentou 2,2% e para as pessoas jurídicas (PJs), 4,6%. O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, considera que, levando em conta a depreciação cambial de 17,1% , o crescimento efetivo do crédito foi de 2,3%. É um cálculo difícil, pois nem todos os empréstimos têm como funding recursos captados no exterior. O crédito para a indústria em geral aumentou 5,4% e os empréstimos do BNDES aumentaram 3,6% .
Fato mais significativo, as concessões acumuladas em setembro apresentaram crescimento de 12,4% para as PJs e 5,0% para as PFs: não se podia, pois, falar em restrição de crédito. As operações de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC), de que tanto se falou, acusaram aumento de 10,7%, sendo, neste caso, um efeito muito importante da taxa cambial. As taxas de juros médias ficaram estáveis para as PJs (28,3%) e aumentaram apenas 1 ponto porcentual para as PFs, que sofreram também com o encarecimento do crédito consignado.
Já nos dez primeiros dias de outubro a situação mudou totalmente, segundo os dados divulgados pelo BC. O crédito em geral caiu 13% em relação a setembro, as concessões para as famílias caíram 13,4% e para as empresas, 12,8%, com o estoque de crédito acusando crescimento de 5,6% para as PJs e ficando estável para as PFs. Levando em conta a desvalorização cambial, o estoque de crédito apresentou redução de 0,3%.
O BC assinala que, entre os dias 13 e 17 de outubro, os bancos concederam média diária de US$ 150,4 milhões em crédito, via ACC, valor 41% superior ao da semana anterior, que foi de US$ 106 milhões - ante US$ 238,8 milhões em setembro.
A queda do suprimento de crédito não pode ser atribuída apenas à crise de liquidez dos bancos. As empresas estão cautelosas e procuram se endividar o menos possível. Existe, porém, um outro fator: a greve dos bancários, que afetou mais as famílias do que as empresas. Não há dúvida de que a evolução recente do crédito pesará na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) na próxima semana.
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